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fizesse distinção nesses aspectos, no sentido <strong>de</strong> se pensar os militares com capacida<strong>de</strong>s<br />

individualmente compartimentadas. Possivelmente, um sargento consi<strong>de</strong>rado competente no<br />

campo militarmente operativo, em princípio, pu<strong>de</strong>sse ser, também, consi<strong>de</strong>rado competente<br />

no da administração ou no da instrução militar, até prova contrária. Haveria, <strong>de</strong>ssa forma, uma<br />

noção <strong>de</strong> linearida<strong>de</strong> dos indivíduos relacionados entre as várias facetas da socialização<br />

militar e, até mesmo, entre os outros ramos da sua socialização.<br />

238<br />

e. O “po<strong>de</strong>r” também circula entre os sargentos<br />

Os sargentos, no início <strong>de</strong> suas vidas militares, eram direcionados às ativida<strong>de</strong>s<br />

inerentemente tropeiras, ou seja, nas li<strong>de</strong>s diárias <strong>de</strong> instrução aos recrutas. À medida que os<br />

anos iam-se passando e chegando novatos, esses indivíduos iam, aos poucos, sendo locados<br />

em funções administrativas. Na mentalida<strong>de</strong> geral, tanto dos sargentos como dos oficiais,<br />

incutiu-se a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que o trabalho na tropa, pouco valorado no convívio dos quarteis, <strong>de</strong>veria<br />

ser <strong>de</strong>stinado quase que exclusivamente aos novatos. Deveriam eles pagar sua cota <strong>de</strong><br />

sacrifício físico, até serem consi<strong>de</strong>rados suficientemente experientes para assumirem o<br />

trabalho em uma seção da administração, mormente valorado. Funcionalmente essa era uma<br />

situação contraditória, pois justamente quando os quadros ficavam mais experientes, e,<br />

supostamente, teriam muito mais a oferecer aos novos recrutas, é que eles abandonavam as<br />

funções tropeiras para comporem os quadros da administração. Isso acontecia em todas as<br />

áreas. Ou seja, todos os sargentos, mais cedo ou mais tar<strong>de</strong>, mesmo sendo especialistas em<br />

<strong>de</strong>terminadas funções militares, acabavam indo para uma ativida<strong>de</strong> administrativa.<br />

Ao contrário do <strong>de</strong>poente anterior, a ida <strong>de</strong> Oliveira para uma função administrativa<br />

<strong>de</strong>u-se precocemente, mesmo sem nenhuma formação especializada em administração militar.<br />

Era um sargento da Cavalaria, mas, segundo ele, sempre trabalhou na “parte administrativa<br />

(...) Até gostava da tropa. Eu gostava. Ir para um acampamento. Eu sempre gostei. Mas olha,<br />

sempre na burocracia. E me <strong>de</strong>i bem também. A burocracia militar é muito fácil”<br />

(OLIVEIRA, 2011).<br />

Cientes <strong>de</strong> que esses <strong>de</strong>slocamentos eram bastante normais, alguns comandantes,<br />

talvez para tentarem manter um verniz <strong>de</strong> rusticida<strong>de</strong> em seu pessoal burocrata, acabavam<br />

acentuando o caráter muito pouco específico da socialização militar, mandando para os<br />

acampamentos os militares da administração, constituídos em suas seções, a fim <strong>de</strong>

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