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CAPÍTULO III<br />

147<br />

VOZES IRROMPIDAS: OS SARGENTOS, SUAS REPRESENTAÇÕES E A<br />

SOCIALIZAÇÃO MILITAR ENTRE AS DÉCADAS DE 1950 E 1980<br />

1. O “CULTO” E SOCIALMENTE INSATISFEITO: ABDON LUZ,<br />

SARGENTO DE 1956 261<br />

a. Primeiras experiências: o Exército<br />

O sargento Abdon Luz nasceu em São Joaquim, Santa Catarina, em 15 <strong>de</strong> março <strong>de</strong><br />

1935. filho <strong>de</strong> pai marceneiro e <strong>de</strong> mãe dona <strong>de</strong> casa, <strong>de</strong>pois professora <strong>de</strong> corte e costura.<br />

Sentou praça no 2º Batalhão Rodoviário, em Lages, em 7 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1954. Fez o curso <strong>de</strong><br />

cabo burocrata no próprio batalhão, naquele mesmo ano. No ano seguinte, em 1955, realizou<br />

o curso <strong>de</strong> sargentos, também, na própria unida<strong>de</strong>. Sendo preterido para promoção em sua<br />

unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> origem, conseguiu com um tenente-coronel, chefe <strong>de</strong> uma das seções do estadomaior<br />

do batalhão, uma vaga para promoção a 3º sargento burocrata, mas para isso teria que<br />

ser transferido para o 23º Regimento <strong>de</strong> Infantaria.<br />

Abdon reforça que a perseguição pessoal <strong>de</strong> um dos capitães do batalhão rodoviário<br />

havia sido o principal motivo pela <strong>de</strong>mora em ser promovido. Não fosse o apadrinhamento<br />

daquele tenente-coronel e a consequente promoção, afirma Abdon que talvez nem tivesse<br />

permanecido no Exército. Mesmo <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> tantas décadas passadas, a memória <strong>de</strong> Abdon,<br />

talvez como um reflexo <strong>de</strong> gratidão, ainda tem guardado o nome completo <strong>de</strong>sse tenentecoronel,<br />

Edson Giordano <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros. 262<br />

O curso era apenas um pré-requisito para a promoção, não a garantindo. Davam-se<br />

as promoções <strong>de</strong>ntro das vagas em claro existentes em cada uma das unida<strong>de</strong>s, e o cabo com<br />

o CFS po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>morar vários anos para ser promovido, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da abertura <strong>de</strong> vagas na<br />

sua qualificação, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> sua Organização Militar. Ou, conforme foi o caso <strong>de</strong> Abdon, podia<br />

261 Promovido a capitão, último posto que po<strong>de</strong>ria alcançar, está na reserva remunerada, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1986.<br />

262 Edson Giordano <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros, anos <strong>de</strong>pois, após a conflagração do Golpe Militar, <strong>de</strong> 1964, quando servia no<br />

CPOR <strong>de</strong> Curitiba, fora preso, por exercer “militância política em partidos <strong>de</strong> esquerda”; logo, um antagonista<br />

do Golpe que fora dado. Ver: DUTRA, José Carlos. A revolução <strong>de</strong> 1964 e o movimento militar no Paraná: a<br />

visão da caserna. Revista <strong>de</strong> Sociologia Política (Online). nº 22, Curitiba, Jun, 2004. Disponível em:<br />

http://dx.doi.org/10.1590/S0104-44782004000100014. Acesso em: 19 Jan 2013.

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