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prestígio e reconhecimento ao grupo como um todo, fora do ambiente relacional militar,<br />

chegando a eleger, na política partidária, representantes para suas causas sociais. Causas que,<br />

aparentemente, sempre <strong>de</strong>saguavam no <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> diminuírem, <strong>de</strong>ntro da figuração militar, as<br />

distâncias daquele grupo “outsi<strong>de</strong>r” em relação aos estabelecidos, os oficiais.<br />

Dentro do quartel, no entanto, naquela figuração em que os sargentos eram<br />

inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes dos oficiais, o grupo continuou tendo o mesmo trato inferiorizado. Ou seja,<br />

o prestígio externo à instituição não havia garantido, em absoluto, internamente, o respeito<br />

dos “estabelecidos”. Pelo contrário, nesse jogo aberto <strong>de</strong> forças em relação aos<br />

“estabelecidos”, os “outsi<strong>de</strong>rs” fizeram com que se sentissem ameaçados em relação às suas<br />

reservas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e cada vez mais conquistaram sua animosida<strong>de</strong> e intolerância. O resultado<br />

direto <strong>de</strong>ssa estratégia <strong>de</strong> afrontamento direto, e da tensão e do medo <strong>de</strong>la resultantes, foi o<br />

fortalecimento das percepções preconceituosas dos oficiais em relação aos sargentos, dando<br />

ênfase à <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> entre os dois grupos e reforçando as prerrogativas sociais e funcionais<br />

dos primeiros. Não houve, portanto, conforme con<strong>de</strong>na Nelson Werneck Sodré, a intenção<br />

racionalmente controlada <strong>de</strong> colocar a ascensão social dos sargentos – com sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

pensar, estudar, participar e ter direito <strong>de</strong> julgamento – a serviço da estrutura militar; pelo<br />

contrário, foram consi<strong>de</strong>radas formas subversivas, marginais, con<strong>de</strong>náveis, que precisavam<br />

ser reprimidas e vigiadas (SODRÉ, 1968, p. 384-385).<br />

Em 1964, os oficiais progressistas que <strong>de</strong>tinham certo po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>cisório foram<br />

repelidos da instituição, permanecendo, como maioria absoluta, os oficiais ciosos por manter<br />

inalterado o status quo ante. De 1964 ao início dos anos <strong>de</strong> 2000, os sargentos foram inibidos<br />

do acesso a qualquer forma <strong>de</strong> acréscimo <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, em relação aos oficiais, tendo que se<br />

adaptarem a uma disciplina discriminatória mais rígida que a existente na década <strong>de</strong> 1950.<br />

A partir do final dos anos <strong>de</strong> 1990, surgiria um forte movimento vetorial contrário<br />

àquele status quo dominante, vigente por quase quarenta anos. Nesse período, os sargentos<br />

aceleraram um processo <strong>de</strong> esclarecimento intelectual e político, que novamente colocaria a<br />

alta oficialida<strong>de</strong> à frente do dilema dos anos <strong>de</strong> 1960 (RODRIGUES, 2008, pp. 146-172).<br />

Contudo, já em outro contexto, muito mais aberto a divergências, as tomadas <strong>de</strong> posições <strong>de</strong><br />

ambos os lados têm sido diferentes. Ao invés das ações <strong>de</strong> rebeldia violenta, do afrontamento<br />

direto na tentativa em se mudar dispositivos legais que legitimavam a assimetria das relações<br />

hierárquicas com os oficiais – como foi o caso dos anos <strong>de</strong> 1963 e 64 –, os sargentos<br />

passaram a utilizar os dispositivos legais e constitucionais vigentes para buscar legitimida<strong>de</strong><br />

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