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Segundo ele,<br />

249<br />

quando a gente incorporava, até o próprio soldado antigo castigava um pouquinho a<br />

gente, né! (…) Mas era sugado se o cara errava, enten<strong>de</strong>u (…) Essa sugação era<br />

mais para chamar a atenção nesse sentido. Para você manter a disciplina<br />

(MOREIRA, 2011)<br />

Segundo ele, “existia algum exagero, como sempre! Houve!” (MOREIRA, 2011).<br />

Mas mais como uma exceção do que uma regra. Faz uma comparação <strong>de</strong>sses “exageros” ao<br />

abuso <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r policial, reconhecendo que, no Exército, pelo que ele presenciava, o abuso<br />

“existia uma vez ou outra”, mas que se chegasse aos ouvidos do comandante da unida<strong>de</strong>, este<br />

mandava reunir os sargentos para chamar publicamente a atenção do militar que havia se<br />

excedido (MOREIRA, 2011).<br />

Haveria, então, uma tentativa <strong>de</strong> se controlar todos os atos dos graduados em relação<br />

aos recrutas. Mas os castigos físicos executados nos cantos dos alojamentos, atrás dos<br />

pavilhões das companhias, comandados por cabos, sargentos, tenentes ou capitães, ficariam<br />

somente nas memórias dos que <strong>de</strong>les participaram, ou como algozes ou como vítimas. Mesmo<br />

os castigos físicos dos quais os comandantes tomavam conhecimento eram por eles<br />

categorizados antes <strong>de</strong> tomarem qualquer medida disciplinar. Os mais exagerados mereciam<br />

alguma atenção especial. Valendo lembrar que os comandantes <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s, no início <strong>de</strong> sua<br />

socialização militar, foram também vítimas <strong>de</strong> trotes. Depois, ajudaram a conduzir ou, até<br />

mesmo, li<strong>de</strong>raram trotes (CASTRO, 1990, p. 26). Tinha-se esse método socializante como<br />

naturalizado no Exército, tanto quanto nas outras forças armadas, como “um rito <strong>de</strong> passagem<br />

que focaliza o aprendizado da hierarquia para a vida militar” (CASTRO, 2009, p. 569), assim<br />

como era naturalizado também a violência física e moral na socialização familiar.<br />

b. O fuzil e a cruz: o socializador militar cristão<br />

Em <strong>de</strong>terminada ocasião, já quando na função <strong>de</strong> sargento-ajudante – que lhe dava<br />

um contato mais aproximado com os oficiais do Estado-Maior da unida<strong>de</strong> –, sentiu um certo<br />

nível <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> com um <strong>de</strong> seus comandantes, para solicitar-lhe a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reunir<br />

todos os recrutas, a fim <strong>de</strong> passar-lhes alguma experiência motivadora, às vésperas do<br />

acampamento do período básico.<br />

Com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> preparar-lhes psicologicamente para o acampamento, disse aos

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