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2011).<br />

Algum tempo <strong>de</strong>pois, <strong>de</strong>scobriu que existiam algumas vagas para cabo datilógrafo e,<br />

mesmo não sendo essa a sua qualificação, pois era auxiliar <strong>de</strong> veterinária, po<strong>de</strong>ria exercer a<br />

função, caso apresentasse o certificado do curso, realizado às suas expensas por alguma<br />

escola civil. Como acontecido com Adão Válter Barriles, a legislação da época autorizava o<br />

militar <strong>de</strong> uma graduação inferior receber os vencimentos <strong>de</strong> uma graduação superior, caso<br />

<strong>de</strong>sempenhasse as funções específicas <strong>de</strong>sta posição. 324 Fez um curso <strong>de</strong> três meses <strong>de</strong><br />

datilografia, durante a noite. Apresentou o diploma e, em 1971, passou a receber soldo <strong>de</strong><br />

cabo, mesmo ainda sendo soldado. Assim permaneceu por quase quatro anos, quando, <strong>de</strong> fato,<br />

fora promovido a cabo, no ano <strong>de</strong> 1974.<br />

Narra Oliveira que quando servia na Escola <strong>de</strong> Sargentos das Armas, como soldado,<br />

havia um distanciamento enorme entre os círculos hierárquicos. Tanto dos sargentos em<br />

relação aos cabos e soldados, como também dos oficiais em relação aos sargentos. Segundo<br />

ele,<br />

222<br />

os cabos e soldados não tinham acesso nem à vida dos sargentos (…). A gente,<br />

quando incorporou, a gente nem falava com sargento, nem nada! Soldado não<br />

falava. Só recebia or<strong>de</strong>m e ficava por isso (OLIVEIRA, 2011).<br />

Oliveira sugere que esse afastamento dos sargentos e muito mais dos oficiais, em<br />

relação aos soldados, seria fruto da inferior formação familiar e intelectual dos soldados.<br />

Enquanto hoje “os soldados já têm um certo nível (…) já po<strong>de</strong> conversar com ele, trocar<br />

i<strong>de</strong>ia”, naquela época – nos anos <strong>de</strong> 1960 e 1970 – “incorporava o cara <strong>de</strong> primeiro grau, e<br />

olhe lá” (OLIVEIRA, 2011).<br />

O <strong>de</strong>poente enten<strong>de</strong> que esse distanciamento seria causado pelo baixo nível <strong>de</strong><br />

escolarida<strong>de</strong> dos soldados. Contudo, sua causa real seria o simples fato <strong>de</strong> pertencerem àquele<br />

baixo <strong>de</strong>grau na ca<strong>de</strong>ia hierárquica do Exército, respon<strong>de</strong>ndo a uma função social <strong>de</strong> soldados<br />

recrutas. Se fossem recrutas com nível universitário, talvez recebessem o mesmo tratamento.<br />

Interessante, porém, assim como em outra entrevista (LUZ, 2011), é a associação dos<br />

recrutas <strong>de</strong> sua época ao analfabetismo, mesmo que já possuíssem os rudimentos das<br />

primeiras letras, com o “primeiro grau”. Talvez i<strong>de</strong>ntificassem neles a ausência do saber<br />

324 Vi<strong>de</strong> Artigo nº 10, do Código <strong>de</strong> Vencimentos e Vantagens dos Militares, <strong>de</strong> 1964. Lei nº 4.328, <strong>de</strong> 30 <strong>de</strong> abril<br />

<strong>de</strong> 1964. Disponível em: http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111061/codigo-<strong>de</strong>-vencimentos-e-vantagensdos-militares-<strong>de</strong>-1964-lei-4328-64;<br />

Acesso em: 12 Mai 2010.

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