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posto e consi<strong>de</strong>ram-se não um círculo, mas uma classe. A ESA estabelece a luta <strong>de</strong><br />

classes <strong>de</strong>ntro do Exército, ou melhor, a luta <strong>de</strong> Círculos, a dos Círculos <strong>de</strong> Oficiais<br />

e a dos Círculos dos Sargentos (FILHO, 1978, p. 256).<br />

Dado o golpe, em 1964, restou à cúpula dos oficiais <strong>de</strong>sarticular o que havia<br />

<strong>de</strong>morado algum tempo para se organizar. Expulsões, prisões, aposentadorias, conforme o<br />

caso, foram os métodos utilizados para quebrar a ossatura do grupo dos sargentos que buscou<br />

se organizar em prol <strong>de</strong> suas ambições <strong>de</strong> grupo. A maioria dos sargentos, contudo,<br />

permaneceu alheia a essa organização e continuou sua rotina normal <strong>de</strong> instruções dadas aos<br />

recrutas da realização <strong>de</strong> exercícios ou ativida<strong>de</strong>s burocráticas e expedientes, com horários<br />

mais ou menos <strong>de</strong>finidos. A tarefa <strong>de</strong> lutar abertamente contra o sistema coube aos<br />

insatisfeitos sociais. Os resignados ajudaram a pren<strong>de</strong>r os colegas, sem a <strong>de</strong>vida consciência<br />

<strong>de</strong> que as ambições eram individuais, mas muitos <strong>de</strong> seus frutos seriam coletivos. Os efeitos<br />

colaterais, no entanto, se dariam em ambos os níveis. Nos níveis individuais: as prisões,<br />

expulsões a bem da disciplina, sem nenhum direito, mesmo <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> vários anos <strong>de</strong> serviços<br />

prestados ao Exército. No nível coletivo: o recru<strong>de</strong>scimento das coerções; a cerrada patrulha<br />

i<strong>de</strong>ológica; o cerceamento das individualida<strong>de</strong>s e o reforço do discurso coletivista; as<br />

perseguições às ambições consi<strong>de</strong>radas não a<strong>de</strong>quadas aos sargentos. Nesse sentido, po<strong>de</strong> ser<br />

dito que a socialização dos sargentos tornara-se mais áspera, mais amarga, <strong>de</strong>liberadamente<br />

mais intransigente, no intuito racionalizado <strong>de</strong> eliminar as ambições dos indivíduos, ou<br />

melhor, a<strong>de</strong>quá-las ao que lhe é esperado e <strong>de</strong>sejável.<br />

d. As associações <strong>de</strong> sargentos e o universo político<br />

Muitas súplicas individuais <strong>de</strong> militares davam entrada no ministério da Guerra,<br />

provocadas por abusos, omissões ou erros ocasionados pelos próprios agentes da<br />

administração militar. Os atos oficiais, baseados em hiatos normativos ou em regulamentos<br />

sobrepostos, davam margem a exacerbações individuais, que, em muitos casos, pareciam<br />

extrapolar os limites do que po<strong>de</strong>ria ser consi<strong>de</strong>rado justo e moral, contrariando um mínimo<br />

<strong>de</strong> segurança jurídica a seus administrados. Em 1951, por exemplo, várias famílias <strong>de</strong><br />

sargentos-ajudantes e 1º sargentos, já na reserva remunerada, simplesmente tiveram seus<br />

proventos cortados até que fossem “<strong>de</strong>rimidas[sic] as dúvidas sugeridas com as novas

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