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aumentados. Foram também beneficiados, contudo, com porcentagens relativamente<br />

inferiores quando comparados aos sargentos. Somente os sargentos obtiveram aumentos que<br />

ultrapassaram os 100 pontos percentuais.<br />

Praticamente um mês após o Golpe <strong>de</strong> 1964, em 30 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1964, o governo da<br />

cúpula militar proporcionou um gran<strong>de</strong> aumento para todas as camadas, mantendo a tendência<br />

a uma relativa aproximação salarial entre um extremo e outro da hierarquia disciplinar. Nesse<br />

sentido, os oficiais generais novamente receberam o menor quinhão (que não era tão pouco<br />

assim), com uma média <strong>de</strong> 88%. O restante dos oficiais receberam uma porcentagem<br />

relativamente homogênea, na casa dos 125%. Contudo, talvez, no sentido <strong>de</strong> corrigir uma<br />

discrepância com as bases <strong>de</strong> sua pirâmi<strong>de</strong>, até então passivamente leais aos seus<br />

comandantes, <strong>de</strong> longe, como nos mostra a tabela anterior, os maiores privilegiados foram os<br />

cabos e os soldados. Os cabos receberam em média 138%, enquanto que os soldados<br />

engajados receberam 250%, e os soldados recrutas ficaram com 394 pontos percentuais. O<br />

aumento dos recrutas, em termos percentuais, parece ter sido gran<strong>de</strong>, mas, comparando-se seu<br />

salário real com o dos seus superiores hierárquicos, a diferença permaneceu ainda<br />

relativamente gran<strong>de</strong>.<br />

Mas, também, o universo dos sargentos recebeu uma boa porcentagem <strong>de</strong> aumento.<br />

Como dito pelo <strong>de</strong>poente, ex-sargento Barriles, faltavam oficiais na década <strong>de</strong> 1960, e bem<br />

possivelmente, muitos subtenentes e 1º sargentos <strong>de</strong>vem ter comandado pelotões durante o<br />

levante do final <strong>de</strong> março e início <strong>de</strong> abril (BARRILES, 2011). Normalmente os mais antigos<br />

<strong>de</strong> casa, e com mais a per<strong>de</strong>r, a maioria dos sargentos mantiveram-se fiéis e leais aos ditames<br />

disciplinares e às or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> seus comandantes, resistindo às sugestões e promessas <strong>de</strong><br />

políticos à esquerda. Seriam merecedores, portanto, <strong>de</strong> um bom prêmio pela sua lealda<strong>de</strong>.<br />

Dentre eles, os 1º sargentos e subtenentes foram os mais aquinhoados, com medianos 139<br />

pontos percentuais. Os 3º sargentos, que no aumento <strong>de</strong> João Goulart, receberam uma<br />

porcentagem maior, em 1964 receberam pouco mais que 120%.. Os que tiveram alguma<br />

participação contrária ao golpe, ou já tinham sido expulsos ou estavam sendo processados.<br />

Não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>sprezar os efeitos psicológicos e prático que esses aumentos <strong>de</strong><br />

salários, privilegiando as camadas hierárquicas inferiores, possam ter causado. Afinal, foram<br />

representantes <strong>de</strong>sse grupo que, dias antes do golpe, reivindicavam politicamente por<br />

melhores condições profissionais e <strong>de</strong> salários.<br />

Em 1963, apenas um ano antes, os sargentos também tiveram seus salários mais que<br />

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