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ACIBALC, Associação Comercial e Industrial <strong>de</strong> Balneário Camboriú [Maiúsculas<br />

no original] 289<br />

183<br />

Das 43 citações, apenas três são relativas ao pertencimento <strong>de</strong> membros da Turma <strong>de</strong><br />

1959 ao grupo <strong>de</strong> sargentos e subtenentes. Duas <strong>de</strong>las são relativas ao orgulho <strong>de</strong> se terem<br />

vários membros da turma como monitores da ESA. A outra é relativa às qualida<strong>de</strong>s físicas <strong>de</strong><br />

um membro da turma, exímio corredor, mesmo enquanto subtenente; mas, arremata ele, que<br />

também era “psicólogo e professor”. 290<br />

Clau<strong>de</strong> Dubar explica que essa condição já fora estudada por Merton, <strong>de</strong>ntro do que<br />

ele conceituara como “socialização antecipatória”, noção que <strong>de</strong>finiria o “processo pelo qual<br />

um indivíduo apren<strong>de</strong> e interioriza os valores <strong>de</strong> um grupo (<strong>de</strong> referência) ao qual <strong>de</strong>seja<br />

pertencer”. Esse processo <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> uma socialização antecipatória, dar-se-ia nos<br />

grupos inferiores <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada socieda<strong>de</strong>, através da constante comparação com os<br />

membros <strong>de</strong> um grupo superior, ou o que ele chamou <strong>de</strong> “grupo <strong>de</strong> referência”, causando uma<br />

“frustração relativa” a esse mesmo grupo, e um <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> “querer parecer com eles para um<br />

dia, talvez, ser reconhecido por eles como ‘membro’” (DUBAR, 2005, p. 67.)<br />

Enfim, parece que para os sargentos formados pela ESA, em 1959, 50 anos <strong>de</strong>pois, a<br />

valoração dos seus indivíduos parecia não ser encontrada no próprio pertencimento à<br />

figuração, mas fora <strong>de</strong>la. Os sargentos valorizavam-se não em serem sargentos, mas em serem<br />

outra coisa.<br />

De uma maneira geral, esta fora a postura com a qual a maioria dos sargentos,<br />

formados na década <strong>de</strong> 1950, respon<strong>de</strong>ram à sua condição <strong>de</strong> inferiorida<strong>de</strong> social,<br />

relacionalmente construída nos quartéis, frente aos oficiais. Os sargentos eram proibidos<br />

regulamentarmente <strong>de</strong> se expressarem a respeito <strong>de</strong> suas insatisfações profissionais, sociais e<br />

políticas. Qualquer forma <strong>de</strong> expressão nesse sentido po<strong>de</strong>ria ser interpretada como um ato<br />

subversivo e passível <strong>de</strong> punições severas 291 . Diante disso, sair do Exército ou adquirir uma<br />

outra i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, socialmente prestigiada, durante muito tempo, fora a única forma encontrada<br />

289 Página da Turma <strong>de</strong> 1959, Turma “Monte Castelo” da Escola <strong>de</strong> Sargentos das Armas. Você sabia<br />

Disponível em: http://sites.google.com/site/montecastelocom/turma-monte-castelo-1959/voce-sabia; Acesso<br />

em: 26 Out 2010.<br />

290 I<strong>de</strong>m.<br />

291 O Aviso 541, <strong>de</strong> 28 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1950, havia expulsado do Exército o sargento Luiz Carrión Roland da Silva,<br />

Presi<strong>de</strong>nte da Casa do Sargento do Brasil, por ter publicado um manifesto <strong>de</strong> apoio à Casa do Sargento <strong>de</strong><br />

São Paulo pela organização <strong>de</strong> uma conferência sobre <strong>de</strong>fesa do petróleo nacional diante <strong>de</strong> empresas<br />

internacionais <strong>de</strong> exploração, patrocinada pelo Centro <strong>de</strong> Estudos <strong>de</strong> Defesa do Petróleo. EXÉRCITO<br />

BRASILEIRO. Boletim do Exército nº 35, <strong>de</strong> 2 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1950 pp. 2391-2392.

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