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chegada ou do horário marcado para as consultas, a priorida<strong>de</strong> das consultas normalmente<br />

seria das esposas dos oficiais mais graduados (OLIVEIRA, 2011).<br />

Essa não é uma percepção exclusiva da esposa <strong>de</strong> um sargento do Exército<br />

Brasileiro. Morris Janowitz já havia <strong>de</strong>scrito esse distanciamento social existente entre as<br />

esposas dos oficiais e dos sargentos, nos Estados Unidos dos anos 50. Janowitz refere-se,<br />

aliás, aos militares profissionais e seus familiares pela mesma terminologia, apropriada pelo<br />

discurso oficial do Exército: “família militar” (JANOWITZ, 1967, pp. 188-189).<br />

No caso do Exército Americano, antes do término da II Guerra Mundial, a tradicional<br />

profissão militar era baseada “numa distinta consciência <strong>de</strong> classe, como a que havia entre o<br />

praça e o oficial <strong>de</strong>ntro da hierarquia.” Enquanto a organização militar envolvia “a disciplina<br />

baseada na dominação”, essas relações sociais mantiveram-se válidas. Porém,<br />

243<br />

Com o <strong>de</strong>senvolvimento da autorida<strong>de</strong> administrativa, o sistema <strong>de</strong> graduações<br />

permanece intacto, principalmente a divisão entre oficiais e pessoal alistado, mas<br />

hoje tenta-se evitar que a posição seja excessivamente prepon<strong>de</strong>rante na vida da<br />

comunida<strong>de</strong> militar. O pessoal alistado e suas mulheres não po<strong>de</strong>m mais ser aceitos<br />

com arrogância numa instituição que opera com base no 'conceito grupal'; <strong>de</strong>vem ser<br />

ajustados no esquema social e sua presença reconhecida. (JANOWITZ, 1967, p.<br />

178)<br />

Quando Janowitz escreveu seu tratado, em 1960, os manuais sobre costumes e<br />

protocolos militares dos Estados Unidos não haviam mudado muito <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o final do século<br />

XIX. “A única mudança <strong>de</strong> vulto está no fato <strong>de</strong> que a audiência aumentou, <strong>de</strong> modo que os<br />

manuais hoje dirigem-se tanto a oficiais comissionados como aos não-comissionados”<br />

(JANOWITZ, 1967, pp. 178-179). Foram escritos até mesmo manuais <strong>de</strong> etiqueta <strong>de</strong><br />

relacionamento entre as esposas <strong>de</strong> oficiais comissionados e as esposas <strong>de</strong> oficiais nãocomissionados<br />

(sargentos). De qualquer maneira, o Exército norte-americano, com um<br />

esforço explícito, tomou medidas para amortecer o impacto das distinções hierárquicas na<br />

geração do pós-II Guerra.<br />

No Exército antigo, o sistema <strong>de</strong> graduações influenciava as relações sociais dos<br />

filhos das famílias militares; alguns se colocavam acima <strong>de</strong> outros com base na<br />

posição do pai. Os filhos dos praças eram estritamente isolados (JANOWITZ, 1967,<br />

p. 179).<br />

O Exército Brasileiro, não adotou nenhum manual, não alterou seu protocolo nem<br />

mesmo alterou oficialmente o impacto das distinções hierárquicas na geração pós-Guerra.<br />

Aliás, muitas vezes, fez questão <strong>de</strong> reforçá-las (MURICY, 1993, p. 278).

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