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Sua socialização primária <strong>de</strong>ra-se <strong>de</strong> um modo extremamente rígido, guiado<br />

principalmente pelo peso da mão disciplinadora <strong>de</strong> sua mãe. Ele se recorda: “a minha mãe foi<br />

muito rigorosa com nós (…) Se ela falasse 'não vai', não vai. Se você fosse, apanhava”<br />

(MOREIRA, 2011).<br />

Talvez essa dureza no trato disciplinar tenha influenciado ou, pelo menos, preparado<br />

A<strong>de</strong>ir quanto à escolha <strong>de</strong> uma profissão tão caracterizada pelo apego à or<strong>de</strong>m e ao controle.<br />

Por diversas vezes em seu <strong>de</strong>poimento, A<strong>de</strong>ir compara a dureza <strong>de</strong> sua socialização militar à<br />

rigi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> sua socialização primária. Segundo ele, a pressão e a “sugação” do quartel seriam<br />

do mesmo tipo daquelas utilizadas pelos pais, para “estimular” ou exortar os filhos a fazerem<br />

algo (MOREIRA, 2011).<br />

No caso do Exército, ele percebe que quando havia pressão <strong>de</strong> algum tipo, “existia<br />

mais coesão <strong>de</strong>ntro do pelotão (…) O pelotão fazia com mais coragem...” (MOREIRA, 2011).<br />

No caso da sua família, o fato <strong>de</strong> terem sido muito pressionados e apanharem recorrentemente<br />

teria sido “a maior riqueza nossa! Nós apanhamos, mas não tem um maconheiro <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />

nossa família. Não tem preguiçoso. Não tem um ladrão” (MOREIRA, 2011).<br />

Indo para o Exército, A<strong>de</strong>ir arremata: “eu <strong>de</strong>i uma continuida<strong>de</strong> do que eu tava em<br />

casa, é ou não é (…). A pressão, ela nos estimulou a nós ter essa visão, enten<strong>de</strong>u! Então, eu<br />

não tinha preguiça.” (MOREIRA, 2011).<br />

O resultado positivo <strong>de</strong> sua socialização primária fora a preparação para o processo<br />

<strong>de</strong> socialização secundária, ou profissional, a<strong>de</strong>quando-o ao mundo do trabalho, mantendo-o<br />

distante do uso <strong>de</strong> entorpecentes, que limitariam seu autocontrole e sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

trabalho. A rusticida<strong>de</strong> forjada no trabalho rural, no seu enten<strong>de</strong>r, facilitou-lhe, na sua fase<br />

inicial, sua socialização militar, quando lhe era exigido simplesmente força e explosão<br />

muscular. Segundo ele, “a gente vindo da roça, a gente é rústico... A gente carregava uma<br />

mochilinha <strong>de</strong>ssas, era fichinha” (MOREIRA, 2011).<br />

Seu <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> servir ao Exército teve início em 1977, quando seu irmão saiu <strong>de</strong> casa<br />

para cumprir o tempo <strong>de</strong> serviço militar obrigatório. Seguindo os passos do irmão mais velho,<br />

dois anos <strong>de</strong>pois, no mesmo quartel em que o irmão servira, A<strong>de</strong>ir ingressaria no Exército.<br />

Tendo ingressado no Exército, no 20º Batalhão <strong>de</strong> Infantaria Blindado, no início <strong>de</strong><br />

1979, teve auxílio do acaso e da sua perseverança para nele permanecer. A<strong>de</strong>ir saiu da roça<br />

com a 4ª Série Primária e, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início, sentiria que um pouco mais <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> já<br />

começara-lhe a fazer falta <strong>de</strong>ntro do quartel. Logo no início do ano houve a seleção para o<br />

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