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em 1889 um 1º sargento recebia quase 7 vezes o que recebia um soldado e, em 1895, essa<br />

diferença iria cair para 4 vezes. A distância salarial dos sargentos em relação aos soldados,<br />

portanto, diminuiu praticamente ao meio.<br />

Não foi coincidência que revoltas isoladas, sempre protagonizadas por praças – mal<br />

articuladas no nível regional e completamente <strong>de</strong>sarticuladas no nível nacional – tivessem<br />

ocorrido contra a República, tanto no Rio <strong>de</strong> Janeiro como em vários pontos do país<br />

(CASTRO, 1995, p. 193), particularmente o <strong>de</strong> 1891 e 1892, <strong>de</strong> caráter francamente<br />

antiflorianistas (CARVALHO, 2005, p. 45). Para as praças, a República da Espada não fora<br />

um bom negócio.<br />

Po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>duzir <strong>de</strong>sses aumentos salariais <strong>de</strong>siguais algumas premissas que<br />

<strong>de</strong>monstram como eram conduzidas as políticas <strong>de</strong> pessoal no Exército no início do século<br />

XX. Uma <strong>de</strong>las é a notória discrepância que já existia e se acentuou entre o salário dos<br />

oficiais generais e superiores e o dos oficiais subalternos. Em 1896, essa discrepância se<br />

acentuou ainda mais, com o aumento privilegiado dos salários dos primeiros em relação à<br />

última categoria. Ela refletia as tensões das relações internas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r entre as camadas<br />

subalternas da oficialida<strong>de</strong> e as suas camadas dominantes, que iriam se manifestar alguns<br />

anos <strong>de</strong>pois, com o movimento chamado posteriormente <strong>de</strong> Tenentista.<br />

Outra <strong>de</strong>las é a distinção, também permanente, entre as condições sociais dos oficiais<br />

e das praças, principalmente os soldados, <strong>de</strong> salário ínfimo, insuficiente mesmo para garantir<br />

a sua própria subsistência. Uma terceira inferência é o nítido <strong>de</strong>svalor conferido às praças <strong>de</strong><br />

maneira geral, mas particularmente aos sargentos, recebendo a mais baixa porcentagem <strong>de</strong><br />

aumento entre todos os círculos hierárquicos, tendo sido seu soldo, por conta disso,<br />

<strong>de</strong>preciado tanto em relação aos oficiais como em relação aos soldados.<br />

Mais <strong>de</strong> uma década <strong>de</strong>pois, já após a Revolta da Chibata, em 1910, Rui Barbosa<br />

reclamava do aumento constante dos soldos dos oficiais, enquanto as praças eram excluídas.<br />

Denunciara Rui Barbosa nos seguintes termos:<br />

59<br />

Nunca compreendi que para aten<strong>de</strong>r às necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> organização das forças<br />

armadas, fosse esse o processo republicano, abandonando-se o interesse das praças e<br />

dos <strong>de</strong>sfavorecidos (Rui Barbosa, apud SODRÉ, 1968, p. 191).<br />

O Exército teve seus próprios exemplos. Em 1897, quando as Escolas Militares do<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro e <strong>de</strong> Fortaleza se rebelaram, levantando a ban<strong>de</strong>ira do florianismo, houve o<br />

resultado <strong>de</strong> apenas 14 oficiais expulsos; porém uma massa <strong>de</strong> 321 praças punidas com

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