09.01.2015 Views

Download tese - Setor de Ciências Humanas UFPR - Universidade ...

Download tese - Setor de Ciências Humanas UFPR - Universidade ...

Download tese - Setor de Ciências Humanas UFPR - Universidade ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ogado pelo sargento, parece que sim. Bravo e corajoso para uns e indisciplinado para outros,<br />

possivelmente o sargento teve <strong>de</strong>fensores no seio <strong>de</strong> seus colegas mais antigos, mas que, para<br />

livrá-lo da pena, não foram tão eficazes quanto o elogio <strong>de</strong> um general. Aliás, pelo que faz<br />

crer o <strong>de</strong>poente, a <strong>de</strong>fesa das praças, perante o jugo dos oficiais, era muito comum ser feita<br />

pelos sargentos e subtenentes mais antigos.<br />

O <strong>de</strong>poente acredita que em momento anterior, logo que saiu da escola <strong>de</strong> formação,<br />

como havia poucos indivíduos na função <strong>de</strong> subtenentes, eles tinham uma relativa autorida<strong>de</strong><br />

perante os praças. Como praças mais antigas, as eminências pardas entre os inferiores, espécie<br />

<strong>de</strong> sergeant major não <strong>de</strong> direito, mas <strong>de</strong> fato, chegavam a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r colegas mais novos do<br />

zelo punitivo dos oficiais comandantes.<br />

Com o passar dos anos, segundo ele, a coincidência <strong>de</strong> dois fatores favoreceu com<br />

que a função <strong>de</strong> subtenente per<strong>de</strong>sse sua autorida<strong>de</strong> no seio das praças. O efetivo <strong>de</strong><br />

subtenentes, com o passar dos anos veio aumentando e a autorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> praça mais antigo<br />

diluiu-se e vulgarizou-se. E o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> ascen<strong>de</strong>r ao oficialato, por meio da boa conceituação<br />

dos oficiais, ceifou as responsabilida<strong>de</strong>s que tinham esses subtenentes para com o seu grupo<br />

<strong>de</strong> origem, pois, segundo o <strong>de</strong>poente, preferem “não brigar por causa nenhuma, com receio<br />

<strong>de</strong>ssa briga impedir <strong>de</strong> ele sair oficial” (Entrevista nº 6).<br />

Perguntado a respeito da existência <strong>de</strong> um pensamento carreirista no Exército, o<br />

<strong>de</strong>poente fora categórico em dizer que apesar <strong>de</strong> não ser partilhado por todos, uma “fatia bem<br />

gran<strong>de</strong>” teria em comum o mo<strong>de</strong>lo carreirista como estratégia <strong>de</strong> ascensão social <strong>de</strong>ntro da<br />

Instituição (Entrevista nº 6).<br />

O mo<strong>de</strong>lo carreirista é <strong>de</strong>scrito por Clau<strong>de</strong> Dubar como um mo<strong>de</strong>lo simbiótico entre<br />

interesses individuais dos assalariados e os interesses das instituições, em que os indivíduos<br />

buscam ascensão profissional, reconhecimento e prestígio pela e na empresa on<strong>de</strong> trabalham.<br />

Há uma reciprocida<strong>de</strong> dinâmica nesse mo<strong>de</strong>lo, em que, em troca do engajamento<br />

incondicional do indivíduo assalariado à instituição, esta lhe garante a segurança do emprego<br />

e a progressão provável <strong>de</strong> sua carreira, dando-lhe a chance <strong>de</strong> tornar-se um “responsável”<br />

com maiores somas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>ntro da dinâmica do sistema. Nessa lógica mutualista, os<br />

“assalariados” ( já promovidos ou certo <strong>de</strong> sê-lo) – compartilhando <strong>de</strong> uma linguagem comum<br />

em relação aos “responsáveis” –, tornam-se prosélitos da empresa, combinando a lógica direta<br />

entre “gran<strong>de</strong> contribuição e gran<strong>de</strong> retribuição” (DUBAR, 2005, pp. 289-295).<br />

Para o <strong>de</strong>poente, o carreirismo no Exército teria como linha mestra a submissão<br />

352

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!