09.01.2015 Views

Download tese - Setor de Ciências Humanas UFPR - Universidade ...

Download tese - Setor de Ciências Humanas UFPR - Universidade ...

Download tese - Setor de Ciências Humanas UFPR - Universidade ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>de</strong>pendência por conceito e prestígio, junto aos seus superiores. Mas a sua margem <strong>de</strong> ação e<br />

a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vir a ser punido por banalida<strong>de</strong>s (um coturno mal engraxado, barba mal<br />

feita, farda amassada, etc), são bem diminutas quando comparado a qualquer um <strong>de</strong> seus<br />

cabos ou sargentos, estando nas mesmas condições. Não havendo nenhum general por perto,<br />

quem afinal puniria um coronel por estar com coturno sujo<br />

Em contrapartida, as figurações dos cabos e sargentos dificilmente estão em<br />

condições autônomas, sem a presença potencialmente disciplinadora <strong>de</strong> um oficial. Há muito<br />

mais olhares sobre eles do que há sobre um capitão, major ou coronel. E há sobre eles, ainda,<br />

os olhares bem próximos <strong>de</strong> seus subordinados, cabos e soldados, que convivem com eles no<br />

dia a dia, para os quais <strong>de</strong>vem o po<strong>de</strong>r do exemplo.<br />

Essa ina<strong>de</strong>quação entre a vigilância exercida sobre os sargentos, quase que com a<br />

mesma intensida<strong>de</strong> e constância aplicada aos soldados, e a obrigação por respon<strong>de</strong>r a uma<br />

pesada cobrança em serem exemplares para os soldados, talvez aju<strong>de</strong> um pouco a explicar<br />

também a insatisfação dos sargentos nos principais momentos <strong>de</strong> revolta em que se<br />

envolveram.<br />

Esta é a figuração dos sargentos do Exército; inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte em relação às outras<br />

figurações, que em torno <strong>de</strong>la se articulam; <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte das percepções dos integrantes <strong>de</strong>ssas<br />

outras figurações para conformar sua própria i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>. Convivem em uma socieda<strong>de</strong> mais<br />

ampla, acolhendo <strong>de</strong>mandas e intenções e gerando suas próprias. Mantêm com todas essas<br />

figurações, militares e civis, um amplo e dinâmico jogo <strong>de</strong> relações, que se modificam à<br />

medida em que o quadro <strong>de</strong> jogadores e a própria dinâmica do jogo se altera.<br />

É <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ssa i<strong>de</strong>ia, <strong>de</strong> intrínseca inter<strong>de</strong>pendência da figuração dos sargentos com<br />

outras figurações <strong>de</strong> jogadores, que este trabalho preten<strong>de</strong> palmilhar.<br />

34<br />

d. O espaço do individual nas “configurações”<br />

É questionável a própria utilização da categoria <strong>de</strong> “sargentos”, como um conceito<br />

inflexível, empregado para representar um grupo sólido <strong>de</strong> indivíduos. Ela po<strong>de</strong> nos dar uma<br />

confortável i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> homogeneida<strong>de</strong>, que não existe na vida prática. O que parece ser um<br />

grupo coeso e homogeneizado pela marcialida<strong>de</strong> e pelas vestimentas “quase” iguais, é um<br />

corpo social dividido hierarquicamente, muitas vezes personalista, e cujas relações sociais são

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!