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disciplina da praça indicada. E, além do status <strong>de</strong> oficial ser uma garantia da qualida<strong>de</strong> do<br />

indivíduo perante a socieda<strong>de</strong> civil, as condições materiais bem superiores <strong>de</strong> um tenente<br />

causavam nas praças graduadas sempre um <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> também ser um <strong>de</strong>les.<br />

A vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> ascen<strong>de</strong>r dos indivíduos tinha um ótimo efeito disciplinar na tropa,<br />

dados os critérios muitas vezes personalistas, utilizados como referência para a escolha dos<br />

potenciais promovidos. Quanto mais submissos às or<strong>de</strong>ns e às vonta<strong>de</strong>s dos seus comandantes<br />

diretos, mais chances <strong>de</strong> serem bem avaliados e, por consequência, <strong>de</strong> serem indicados para<br />

uma comissão. Faltavam-lhes, porém, instruções a<strong>de</strong>quadas para <strong>de</strong>sempenharem seu papel<br />

<strong>de</strong> oficiais, já que os cursos <strong>de</strong> sargentos, realizados na tropa, eram ministrados com uma<br />

sofrível carga <strong>de</strong> conhecimentos teóricos e práticos.<br />

As instruções nos cursos <strong>de</strong> sargentos eram apenas um reforço e uma relembrança do<br />

que haviam aprendido nos cursos <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> soldados e <strong>de</strong> cabos, com o acréscimo das<br />

instruções mais técnicas e <strong>de</strong> comando <strong>de</strong> grupos. Com duração inicial <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> dois meses<br />

e meio a seis meses, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da especialida<strong>de</strong> cursada, em 1913, houve uma reforma que<br />

alterou o Curso <strong>de</strong> Sargentos para mais <strong>de</strong> um ano (BANHA, 1984, p. 50).<br />

Em termos <strong>de</strong> emprego <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra, a função <strong>de</strong> sargento era a <strong>de</strong> auxiliar<br />

diretamente os oficiais, executando diretamente as or<strong>de</strong>ns por estes emanadas. Para isso<br />

contavam com a massa <strong>de</strong> manobra dos soldados, colocados à sua disposição. As diferenças<br />

das condições intelectuais entre os oficiais e sargentos permitiam um pensamento<br />

generalizado entre a oficialida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que os sargentos <strong>de</strong>veriam apenas executar as suas<br />

or<strong>de</strong>ns. Esse status quo começou a ser alterado somente nas reformas propostas pelos jovens<br />

turcos, quando, ao retornarem da Alemanha, no início da década <strong>de</strong> 1910, começaram a<br />

treinar cabos e sargentos para que estes, por sua vez, pu<strong>de</strong>ssem treinar os recrutas. Uma<br />

medida técnica inovadora “em um Exército on<strong>de</strong> ela não era tradicional e no qual cabos e<br />

sargentos eram figuras marginais” (MC CANN, 2009, p. 219).<br />

Os “Jovens Turcos” ameaçavam ostensivamente os quadros superiores da<br />

oficialida<strong>de</strong>, em suas posições, interesses e privilégios, sofrendo, consequentemente, a sua<br />

hostilida<strong>de</strong>. Segundo Edmundo Campos Coelho,<br />

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observou um dos jovens oficiais do grupo que ‘murmuravam que éramos<br />

pretensiosos e promovíamos a indisciplina, pois que ensinávamos aos sargentos<br />

assuntos <strong>de</strong> instrução dos oficiais’. A questão não era a do rompimento do<br />

monopólio <strong>de</strong> conhecimentos profissionais produzida com a instrução dos sargentos<br />

em assuntos <strong>de</strong> formação dos oficiais. O que se temia, na verda<strong>de</strong> é que viesse à<br />

tona a incompetência profissional dos oficiais superiores (COELHO, 1976, pp. 79-

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