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con<strong>de</strong>nado em primeira instância, o que, segundo o parecer do STM, apareceria como uma 3ª<br />

punição, muito severa para um sargento que “tinha conquistado merecidamente sua<br />

promoção” e seu engajamento por 3 anos<br />

131<br />

e agora, por uma anomalia do RISG, passa a soldado da classe inferior, para como<br />

tal servir esse tempo e, provavelmente sem alcançar mais qualquer promoção <strong>de</strong>vido<br />

a pena que se lhe impõe como <strong>de</strong>sertor. Ter-se-á dado a transformação <strong>de</strong> um ótimo<br />

sargento, num soldado <strong>de</strong> discutível amor ao serviço. Parece-me iníquo, para o<br />

homem; parece-se nocivo à corporação – Castelo Branco. 227<br />

O sargento foi absolvido.<br />

Esse novo status do grupo passaria a ser visto com <strong>de</strong>sconfiança pela oficialida<strong>de</strong>,<br />

pois talvez houvesse o entendimento <strong>de</strong> que, na clivagem <strong>de</strong> longa data, entre oficiais e<br />

sargentos, naquele momento, o fiel da balança possivelmente estivesse pen<strong>de</strong>ndo um pouco<br />

mais para o lado dos sargentos.<br />

Para Karl Mannheim, o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> ascen<strong>de</strong>r na escala social, caso se difunda<br />

excessivamente entre os grupos, po<strong>de</strong> tornar-se motivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>flagração <strong>de</strong> uma revolução. Para<br />

o autor, o fato <strong>de</strong> esse <strong>de</strong>sejo, enquanto esforço geral, estar mais presente na socieda<strong>de</strong> atual, é<br />

<strong>de</strong>vido a difusão da competição, cujo primeiro efeito é fazer o indivíduo abandonar suas<br />

atitu<strong>de</strong>s tradicionais e preocupar-se mais com seu bem estar pessoal do que com o endosso<br />

comum aos padrões aceitos por sua socieda<strong>de</strong>. Porém, caso essa competição produza mais<br />

iniciativas e ambição do que as saídas criativas que existem, po<strong>de</strong> levar à ruína todo o<br />

sistema. “Se existem mais forças produtivas em operação que oportunida<strong>de</strong>s para ação<br />

espontânea ou posições <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança, testemunharemos aquela insatisfação geral que leva à<br />

revolução.” A tarefa do sistema social subsequente será ou criar novas oportunida<strong>de</strong>s para a<br />

efetivação da ambição ou suprimir a ambição. Para ele, a repressão da individualização na<br />

Alemanha <strong>de</strong> sua época era uma reação contra o aumento da anterior vitalida<strong>de</strong> mental do<br />

povo, que se tornou <strong>de</strong>sproporcional à capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> absorção da or<strong>de</strong>m existente<br />

(MANNHEIM, 1982, p. 65).<br />

O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> socialização dos sargentos, no período pós-45, talvez tenha<br />

acompanhado esse mo<strong>de</strong>lo. Com a criação da Escola <strong>de</strong> Sargentos das Armas, em 1945,<br />

houve, ainda que <strong>de</strong> maneira muito rudimentar, uma profissionalização do grupo. Os novos<br />

horizontes <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s abertas ao grupo elevaram-lhe o status social e educacional, no<br />

mundo civil, contudo, internamente, não havia espaço para o crescimento <strong>de</strong> sua cota <strong>de</strong><br />

227 EXÉRCITO BRASILEIRO. Boletim do Exército nº 46, <strong>de</strong> 18 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1950, pp. 3795-3797.

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