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profissional esforçado, que para se especializar precisava sacrificar suas férias (BARRILES,<br />

2011). Fato que leva a um sentimento encontrado na narrativa dos <strong>de</strong>mais <strong>de</strong>poentes,<br />

sargentos dos anos <strong>de</strong> 1950 a 1990, que é o <strong>de</strong> injustiça da Instituição para com o grupo dos<br />

sargentos.<br />

Na narrativa <strong>de</strong> Barriles a injustiça do fato fora sanada pela sua intercessão. Mas essa<br />

intercessão apresentaria limites que po<strong>de</strong>riam avançar ou recuar, <strong>de</strong> acordo com a<br />

personalida<strong>de</strong> do oficial que com ela dialogasse. Possivelmente, pouco valeria sua intercessão<br />

junto a um oficial autoritário <strong>de</strong>mais, inflexível <strong>de</strong>mais. Depen<strong>de</strong>ndo do grau <strong>de</strong> timi<strong>de</strong>z do<br />

sargento na função que ocupava, ou das suas expectativas individuais <strong>de</strong> carreira, a<br />

intercessão sequer aconteceria.<br />

Barriles já tinha visto esse tipo <strong>de</strong> intercessão acontecer na sua unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> origem.<br />

De início, com muito receio. Ainda eram os anos 60 inicio dos 70, e, mal interpretadas, essas<br />

intercessões podiam ser entendidas como um indício <strong>de</strong> motim. Então, a abordagem <strong>de</strong>via ser<br />

bastante sutil. Mas<br />

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<strong>de</strong>pois, foram mais se soltando. Inclusive <strong>de</strong> reunir o subtenente, o sargenteante, se<br />

for o caso, e mais algum outro sargento, e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r um sargento que estava sendo<br />

ameaçado, ou alguma coisa...Mas sempre na amiza<strong>de</strong>... (BARRILES, 2011).<br />

Além disso, o objetivo da intercessão tinha que valer a pena para o intercessor e o<br />

sargento interessado “tinha que merecer” (BARRILES, 2011). No esquadrão <strong>de</strong> cavalaria<br />

on<strong>de</strong> servira por mais <strong>de</strong> uma década, “eram muito unidos os sargentos”, e essa união fazia<br />

com que os sargentos interce<strong>de</strong>ssem por colegas cujas imagens estivessem sendo construídas<br />

pelos oficiais <strong>de</strong> uma maneira <strong>de</strong>turpada, “ou porque não conheciam a causa ou por<br />

perseguição” mesmo (BARRILES, 2011).<br />

No Colégio Militar <strong>de</strong> Curitiba, em contrapartida, ele não presenciou nenhum fato<br />

em que um grupo <strong>de</strong> sargentos tivesse que se unir a fim <strong>de</strong> rogar por algum colega junto a<br />

qualquer oficial. Segundo ele, nunca fora necessário, pois<br />

tinha oficiais que se podia chegar e falar com ele que ele ia... Não tinha problema.<br />

Tinha sargentos ali que eram solteiros e que chegava <strong>de</strong> noite no trago e às vezes<br />

criava algum problema com a guarda e não sei o que lá. Eles sempre <strong>de</strong>fendiam<br />

[risos]. Mas era boa gente, né! (BARRILES, 2011).<br />

O velho sargento tropeiro é hoje saudoso <strong>de</strong> sua vida militar. Mas somente da época

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