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ser transferido para outra unida<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> houvesse as vagas na qualificação e na graduação<br />

pleiteadas. Dificilmente esse tipo <strong>de</strong> transferência para promoção dava-se sem algum tipo <strong>de</strong><br />

apadrinhamento pessoal <strong>de</strong> um oficial.<br />

Abdon acusa ter sido perseguido por um capitão <strong>de</strong> engenharia, que supostamente<br />

impedira sua promoção, dando-a a outros soldados mais novos que ele. Talvez houvesse outra<br />

explicação para essa preterição. Havendo apenas uma vaga para 3º sargento, talvez não<br />

adiantasse ser bem colocado no curso. Para ser promovido, seria condição sine qua non ter<br />

sido o 1º colocado. A promoção dava-se <strong>de</strong> acordo com a nota do curso, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da<br />

antiguida<strong>de</strong> do cabo. Na nota, já estava embutido um conceito gerado a partir da média dos<br />

conceitos pessoais dos instrutores acerca dos alunos. O primeiro curso do cabo Abdon não<br />

<strong>de</strong>ve ter sido terminado com um score satisfatório e capaz <strong>de</strong> concorrer a uma promoção<br />

naquela unida<strong>de</strong>, pelo menos a curto prazo. Abdon achou por bem repetir o curso, a fim <strong>de</strong><br />

melhorar sua nota. 263 Ainda assim, não <strong>de</strong>ve ter tido uma nota superior à nota do recruta que o<br />

fez ser preterido na promoção do ano seguinte.<br />

Não é <strong>de</strong>scartada a veracida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma “perseguição”, como ele mesmo <strong>de</strong>fine (LUZ,<br />

2011) – que po<strong>de</strong> ser sentida em outras oportunida<strong>de</strong>s – mas pelo menos nesse caso, havia<br />

alguns limites objetivos em relação ao po<strong>de</strong>r que possuía um capitão, em atrasar ou adiantar<br />

promoções. Assim fosse, o próprio tenente-coronel S/3 <strong>de</strong>teria po<strong>de</strong>r discricionário suficiente<br />

para promovê-lo, sem ter que mudá-lo <strong>de</strong> quartel. Mas parecia não ter. Se o capitão não<br />

quisesse promovê-lo a sargento, seria bem mais fácil não recomendá-lo ao curso.<br />

Depois <strong>de</strong> finalizado o curso, com a classificação dos alunos objetivada em uma<br />

publicação no boletim da unida<strong>de</strong>, o po<strong>de</strong>r discricionário <strong>de</strong> um capitão, em relação a<br />

promoção <strong>de</strong> um sargento, reduzir-se-ia sensivelmente.<br />

Em 1970, quinze anos após ter realizado seu curso <strong>de</strong> sargento, no quartel em que<br />

incorporou como soldado, foi obrigado a se requalificar, realizando um outro curso <strong>de</strong><br />

sargento. Uma nova socialização militar, agora potencializada. O seu insistente reforço <strong>de</strong> que<br />

havia feito um outro curso, “um curso <strong>de</strong> sargento como se fosse um sargento novo”, <strong>de</strong> que<br />

havia escolhido Infantaria e que o curso havia sido realizado na ESA, indica que existia uma<br />

relativa valorização <strong>de</strong>ssas características na socialização dos sargentos, por essa época;<br />

indica que era motivo <strong>de</strong> orgulho pertencer à Infantaria, ser formado na Escola <strong>de</strong> Sargentos<br />

da Armas: “sempre...vem falar o pessoal: 'Ah, você veio da ESA!!' Como é que era a coisa<br />

148<br />

263 LUZ, Abdon. Entrevista concedida ao autor, na residência do <strong>de</strong>poente, em Curitiba, no dia 14 Jan 2011.

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