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79<br />

Mas o que mudou do início do século XX até os anos <strong>de</strong> 1930/1940<br />

O Exército havia se esfacelado disciplinarmente com as lutas intestinas da Revolução<br />

<strong>de</strong> 1930 e das outras que se seguiram, no início daquela década. Visto pela sua oficialida<strong>de</strong><br />

como a “ossatura da nacionalida<strong>de</strong>”, nas palavras do marechal José Pessoa, o Exército<br />

precisava <strong>de</strong> coesão, empreendida primeiramente durante a formação dos seus oficiais.<br />

Na intenção <strong>de</strong> forjar no corpo <strong>de</strong> oficiais um sentimento elitista, uma ”aristocracia<br />

física, moral e profissional” (CASTRO, 1994, p. 237), fora empreendido um plano <strong>de</strong><br />

profissionalização socialmente higienista em relação à formação dos oficiais. Filhos <strong>de</strong><br />

ju<strong>de</strong>us, estrangeiros, comunistas e negros foram consi<strong>de</strong>rados inaptos ao oficialato. De 1939 a<br />

1942, 183 candidatos aprovados no concurso para a Escola Miliar do Realengo foram<br />

consi<strong>de</strong>rados inaptos pela sua cor <strong>de</strong> pele, sendo justificado pelo ministro Eurico Gaspar<br />

Dutra, que “a experiência tinha <strong>de</strong>monstrado maiores e mais frequentes <strong>de</strong>slizes na vida<br />

profissional e privada dos homens <strong>de</strong> cor e seus <strong>de</strong>rivados próximos” (RODRIGUES, 2009,<br />

pp. 53-55).<br />

Vale lembrar que gran<strong>de</strong> parte das praças tinha origem social em camadas mais<br />

pobres, e que boa parte <strong>de</strong>les era <strong>de</strong> cor <strong>de</strong> pele parda e negra. Por isso, talvez, possamos<br />

enten<strong>de</strong>r o baixo quantitativo <strong>de</strong> ex-praças ingressos na Escola Militar. A flexibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

ida<strong>de</strong>, os critérios <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempate e a isenção da taxa <strong>de</strong> inscrição (RODRIGUES, 2009, p. 47)<br />

pareciam ser favorecimentos muito mais discursivos do que práticos às praças. Era, na<br />

realida<strong>de</strong>, uma ação limitativa, em relação ao acesso das praças, mas formalmente legitimada<br />

como aparente favorecimento. A letra da norma indicava um privilégio, que ampliava as<br />

condições <strong>de</strong> acesso; porém, na prática, as reduzia. A ida<strong>de</strong> mínima <strong>de</strong> 25 para os sargentos<br />

acompanhava, também, a exigência <strong>de</strong> se ter, no mínimo, 4 anos <strong>de</strong> serviços como praça.<br />

Levando-se em consi<strong>de</strong>ração que a maioria das praças já incorporava com cerca <strong>de</strong> 19 anos,<br />

fica claro que os sargentos tinham apenas um ano ou dois para tentarem o concurso da Escola<br />

Militar, o que reduzia bastante suas chances.<br />

Outras exigências limitavam o acesso dos sargentos aos bancos daquela Escola. O<br />

próprio programa do concurso já seria uma barreira praticamente intransponível para uma boa<br />

parte dos sargentos com limitado grau <strong>de</strong> educação escolar. Ele abrangia Redação (po<strong>de</strong>ria ser<br />

<strong>de</strong>scritiva, narrativa, dissertativa, carta ou diálogo), Gramática, Aritmética (com 17 subitens,<br />

tais como raízes quadrada e cúbica, razões, regras <strong>de</strong> três compostas, etc), Álgebra (com 15

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