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do momento conjuntural das relações entre os dois grupos na figuração. Em momentos em<br />

que os “estabelecidos” não se sentissem ameaçados em suas posições <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, as “pressões”<br />

seriam minimamente sentidas pelos “outsi<strong>de</strong>rs”. Em momentos em que essas ameaças fossem<br />

sentidas, ou imaginadas, as “pressões” dos “estabelecidos” sobre os “outsi<strong>de</strong>rs” tornar-se-iam<br />

menos encobertas.<br />

Esse foi o caso daquela conjuntura, vivida pelo <strong>de</strong>poente, durante meses, após aquele<br />

momento em que o coronel, quase que literalmente, per<strong>de</strong>ra, para um soldado, a sua<br />

autorida<strong>de</strong> perante sua tropa. As relações entre “estabelecidos” e “outsi<strong>de</strong>rs” foram<br />

sensivelmente abaladas. Um retorno a um status quo ante, na imaginação do coronel, só seria<br />

possível por meio do enrijecimento da posição dos estabelecidos. Segundo o <strong>de</strong>poente, “ficou<br />

um ambiente... entre os oficiais e os sargentos. Talvez entre alguns oficiais, mas mais entre os<br />

oficiais e os sargentos” (Entrevista nº 6).<br />

O resultado <strong>de</strong>ssas relações <strong>de</strong> muita tensão entre os oficiais e sargentos foi, no<br />

enten<strong>de</strong>r do <strong>de</strong>poente, além da sequência nada normal <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes que se suce<strong>de</strong>ram, o seu<br />

<strong>de</strong>sgaste pessoal com aquela figuração. Quando teve oportunida<strong>de</strong>, solicitou sua transferência<br />

para longe dali. Contudo, nesse ínterim, o comandante da unida<strong>de</strong> foi substituído, e o<br />

ambiente relacional começou a se tornar mais agradável. Para o <strong>de</strong>poente,<br />

329<br />

Era um comandante muito carismático, <strong>de</strong> fácil trato. E aí esse comandante reverteu<br />

todo aquele ambiente. Em poucos meses ele reverteu. E realmente voltou a ser o<br />

ambiente que quando eu cheguei lá eu encontrei. Um ambiente muito bom. A<br />

experiência que eu tive disso foi que, às vezes, um fato isolado muda todo um<br />

ambiente <strong>de</strong> trabalho (Entrevista nº 6).<br />

O principal elemento funcional dos “estabelecidos”, dotado <strong>de</strong> maior reserva <strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong>r na relação entre seu próprio grupo e o dos “outsi<strong>de</strong>rs”, tivera seu ocupante substituído<br />

por um outro indivíduo, talvez mais seguro <strong>de</strong> seu po<strong>de</strong>r do que aquele primeiro, e, por isso,<br />

talvez sem o mesmo afã territorialista, fora consi<strong>de</strong>rado pelo <strong>de</strong>poente, como um comandante<br />

muito competente, “talvez um dos melhores comandantes que eu tenha visto” (Entrevista nº<br />

6). Bem possivelmente, o simples fato <strong>de</strong> se alterar o principal agente do grupo com maior<br />

reserva <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, seja ele qual fosse o indivíduo, a dinâmica relacional das funções já teria se<br />

alterado <strong>de</strong> uma maneira ou <strong>de</strong> outra. Mas é certo que os dotes individuais do novo<br />

comandante – elemento simbólico das virtu<strong>de</strong>s e do imperativo <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> dos<br />

estabelecidos –, teriam servido como catalisadores <strong>de</strong> importantes mutações naquela

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