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datilografavam ipsis literis, pois “o oficial tinha um conhecimento que o sargento não tinha”<br />

(Entrevista 5). Nos dias atuais, contudo, segundo seu <strong>de</strong>poimento, “a coisa está mais nivelada<br />

(...) a gente consegue ter um acesso a certos assuntos, e até dar uma opinião (...) coisa que<br />

antigamente não tinha” (Entrevista 5). Esse nivelamento, afirma o <strong>de</strong>poente, teria ocorrido<br />

“por força única e exclusiva do militar” (Entrevista 5), em busca <strong>de</strong> saberes universitários,<br />

pouco ou quase conexos com as ativida<strong>de</strong>s militares. Contudo, muito comumente, como tem<br />

acontecido, seriam saberes universitários que passaram a ser empregados, direta ou<br />

indiretamente, em benefício da instituição, principalmente os saberes ligados ao Direito,<br />

Contabilida<strong>de</strong> e Informática; porém, frisa o <strong>de</strong>poente, sem qualquer incentivo ou estímulo<br />

formal do Exército.<br />

Ele confessa que, durante o período em que esteve na universida<strong>de</strong>, obteve muita<br />

ajuda <strong>de</strong> chefes relativamente compreensivos que lhe facilitava em seus compromissos<br />

estudantis, mesmo nos horários <strong>de</strong>ntro do expediente normal do quartel. No entanto, reforça<br />

que foram as vonta<strong>de</strong>s individuais <strong>de</strong> seus chefes – oficiais do Quadro Auxiliar <strong>de</strong> Oficiais,<br />

que fizeram a carreira como sargentos –, os elementos que lhe facilitaram o acesso aos<br />

estudos, “porque se fosse <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da Instituição, eu não teria absolutamente nada. Isso em<br />

qualquer nível. Tanto nível segundo grau, nível pós-graduação, nível graduação” (Entrevista<br />

5).<br />

280<br />

d. A divisa como estigma do futuro bacharel<br />

Quando cursara Direito na Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa Maria, o <strong>de</strong>poente se<br />

recorda que percebera a disritmia entre seu universo estudantil e seu universo profissional no<br />

Exército, vividos ao mesmo tempo paralela e contiguamente. Não muito tempo <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter<br />

terminado seu curso <strong>de</strong> sargentos – cerca <strong>de</strong> 3 anos <strong>de</strong>pois –, o sargento já havia aprendido a<br />

avaliar <strong>de</strong>sfavoravelmente sua posição social e sua condição profissional, como sargento do<br />

Exército. Antes <strong>de</strong> ingressar no Exército, as perspectivas <strong>de</strong> ser sargento lhes foram<br />

apresentadas como bastante positivas, pois eram comparadas ao trabalhador assalariado<br />

comum, particularmente os comerciários. Diz o <strong>de</strong>poente que<br />

na minha cida<strong>de</strong> era assim, camarada que era militar era top <strong>de</strong> linha, né. Ele<br />

conseguia ter um carro bom, ele conseguia transferência. Ele conseguia um padrão<br />

<strong>de</strong> vida que tu não conseguia no comércio, né (Entrevista 5).

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