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fora <strong>de</strong>le, <strong>de</strong> que, <strong>de</strong>ntro da Instituição, os sargentos, <strong>de</strong> fato, <strong>de</strong>teriam um gradiente <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r<br />

bem maior do que a ele conferido <strong>de</strong> direito. Esse é um fato que talvez possa ser explicado ao<br />

se enten<strong>de</strong>r, como Stepan (1975, p. 118), que, <strong>de</strong>pois da II Guerra Mundial, houve um<br />

<strong>de</strong>slocamento do equilíbrio <strong>de</strong> po<strong>de</strong>res entre os grupos componentes do Exército, em favor<br />

dos sargentos. Esse <strong>de</strong>slocamento, como era <strong>de</strong> se esperar, não fora bem recepcionado pelos<br />

oficiais. Como “estabelecidos” da figuração e ce<strong>de</strong>ntes da cota <strong>de</strong> po<strong>de</strong>res que fora transferida<br />

aos “outsi<strong>de</strong>rs” sargentos, gran<strong>de</strong> parcela dos oficiais empenharam-se contra a elevação do<br />

status daquele grupo, coibindo, na medida do possível, as suas tentativas <strong>de</strong> nivelar direitos,<br />

tanto sociais como políticos. À medida que a incongruência <strong>de</strong> status dos sargentos foi sendo<br />

cada vez mais acidamente contestada por eles mesmos e por grupos políticos simpáticos,<br />

aqueles oficiais que os apoiavam, por antes acharem justas suas reivindicações (os oficiais<br />

progressistas, e os chamados “generais do povo”, por exemplo), foram se afastando. As<br />

reivindicações do grupo, e sua virulência em <strong>de</strong>terminadas etapas, foram subsumidas pela<br />

polarida<strong>de</strong> política e i<strong>de</strong>ológica da época, sendo associadas à quebra <strong>de</strong> hierarquia e a um<br />

suposto plano ou <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> implantação do comunismo no país. Isso facilitou com que os<br />

oficiais mais conservadores legitimassem seu revi<strong>de</strong> no momento oportuno.<br />

O golpe <strong>de</strong> 1964, como símbolo máximo do conservadorismo social, romperia com<br />

esse processo <strong>de</strong> ascensão social dos sargentos, iniciado nos anos que se seguiram à II Guerra.<br />

Tentou-se empreen<strong>de</strong>r medidas que retornassem os sargentos ao seu status quo ante bellum,<br />

primeiramente eliminando do Exército os mais críticos do sistema, <strong>de</strong>pois endurecendo a<br />

disciplina, a partir <strong>de</strong> uma generalizada lógica da suspeição dos oficiais para com eles. Sendo<br />

impossível a tarefa, dadas as circunstâncias <strong>de</strong> serem completamente diversas as<br />

características dos indivíduos que compunham o quadro <strong>de</strong> sargentos, ao mesmo tempo se<br />

buscava cooptar, ao pensamento único, os seus membros. Se, antes <strong>de</strong> 1964, o fiel da balança<br />

<strong>de</strong> po<strong>de</strong>res, entre sargentos e oficiais, ten<strong>de</strong>ra para o lado dos primeiros, a partir <strong>de</strong> 1964, ele<br />

voltara a ten<strong>de</strong>r em favor dos oficiais.<br />

Com o passar do tempo, à medida que o clima político e i<strong>de</strong>ológico do país se<br />

alterava, as tensões provocadas por aquele equilíbrio suscitaram questionamentos em relação<br />

ao status dos inferiores, que levaram, no início dos anos <strong>de</strong> 2000, a uma ruptura do padrão <strong>de</strong><br />

relações conseguido em 1964 e o encaminharam a outro mo<strong>de</strong>lo. A diferença foi que,<br />

enquanto as reivindicações dos anos 60 tinham sido calcadas, a partir <strong>de</strong> um exclusivismo<br />

classista, em favor dos direitos dos sargentos, no final dos anos <strong>de</strong> 1990, as reivindicações por<br />

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