09.01.2015 Views

Download tese - Setor de Ciências Humanas UFPR - Universidade ...

Download tese - Setor de Ciências Humanas UFPR - Universidade ...

Download tese - Setor de Ciências Humanas UFPR - Universidade ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

que, <strong>de</strong>ntre outras coisas, o referido sargento, <strong>de</strong>scumprindo <strong>de</strong>terminações que lhe foram<br />

dadas, “a respeito <strong>de</strong> sua conduta como Presi<strong>de</strong>nte da Associação, quando, por duas vezes, foi<br />

advertido pelo Ministro da Guerra”, tentou “com as solércias <strong>de</strong> seu telegrama abalar a<br />

estrutura <strong>de</strong> nossa instituição armada incitando a classe contra os Po<strong>de</strong>res constituídos”<br />

procurando, <strong>de</strong>ssa forma, transformar a Casa do Sargento em “propagandista <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias que,<br />

como é do conhecimento público, são <strong>de</strong> origem comunista.” 256 O ministro da Guerra<br />

respon<strong>de</strong>u com duas ações punitivas. Uma <strong>de</strong>las <strong>de</strong>u-se <strong>de</strong> forma direta à pessoa do sargento<br />

Carrión, expulsando-o do Exército.<br />

A outra punição teve um cunho social, para todos os sargentos já associados, e<br />

potenciais sócios. Oficialmente o Exército passou a não reconhecer a entida<strong>de</strong> como sendo <strong>de</strong><br />

sua utilida<strong>de</strong> e o ministro da Guerra proibiu o <strong>de</strong>sconto interno, em folha <strong>de</strong> pagamento, das<br />

mensalida<strong>de</strong>s daquela agremiação. 257<br />

Após intensa participação nas discussões acerca da nacionalização do Petróleo,<br />

juntamente com o Clube Militar, a Casa do Sargento do Brasil foi um dos primeiros alvos da<br />

cúpula dos oficiais, sendo <strong>de</strong>sarticulada a associação, presos e torturados os membros mais<br />

politicamente combativos (SODRÉ, 1968, pp. 338-341).<br />

A alta cúpula insistia no esvaziamento político dos sargentos, e, anos <strong>de</strong>pois, a<br />

associação iria representar um outro papel bem menos combativo, sendo utilizada pelos altos<br />

escalões do Exército em seu potencial controlador acerca dos sargentos. 258<br />

As circunstâncias que envolveram a chamada campanha do “Petróleo é Nosso” e as<br />

nem sempre episódicas manifestações dos representantes das associações <strong>de</strong> sargentos<br />

<strong>de</strong>ixaram patente o ponto <strong>de</strong> vista, em relação aos sargentos, da parcela socialmente<br />

conservadora dos oficiais. Essa querela chegou a envolver o Clube Militar. As percepções<br />

negativas, a respeito da imagem <strong>de</strong> um lado e <strong>de</strong> outro, reforçaram-se sob o viés i<strong>de</strong>ológico da<br />

disputa entre nacionalistas e entreguistas. Nas eleições para o Clube Militar, a ala nacionalista<br />

exerceu pressão para a abertura do Clube aos oficiais do Quadro Auxiliar <strong>de</strong> Oficiais (QAO)<br />

143<br />

256 I<strong>de</strong>m.<br />

257 Boletim do Exército nº 45, <strong>de</strong> 11 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1950, p. 3349.<br />

258 O general Muricy falando do clima da época anterior a 1964, e do envolvimento político dos sargentos, conta<br />

que quando das conferências proferidas pelo então <strong>de</strong>putado e sargento Garcia, pelo Nor<strong>de</strong>ste, este havia ido<br />

até o Rio Gran<strong>de</strong> do Norte, para mostrar como a coisa era para os sargentos. Nessa oportunida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> acordo<br />

com Muricy, “eu chamei o presi<strong>de</strong>nte do Clube dos Sargentos e disse: 'Não posso nem vou impedir. Mas<br />

quero saber tudo que ocorrer lá <strong>de</strong>ntro.' ”MURICY, Antônio Carlos da Silva. Antônio Carlos Murici I<br />

(<strong>de</strong>poimento, 1981). Rio <strong>de</strong> Janeiro, CPDOC, 1993. 768 p. Dat., p. 464. Disponível em:<br />

http://www.fgv.br/cpdoc/historal/arq/Entrevista35.pdf; Acesso em: 15 Dez 2011.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!