09.01.2015 Views

Download tese - Setor de Ciências Humanas UFPR - Universidade ...

Download tese - Setor de Ciências Humanas UFPR - Universidade ...

Download tese - Setor de Ciências Humanas UFPR - Universidade ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

um brevê, encantava e convencia. O pragmatismo da vida cotidiana parece ter predominado<br />

nas <strong>de</strong>cisões do <strong>de</strong>poente. Barriles afirma não ter feito nenhum curso <strong>de</strong> especialização, por<br />

questões <strong>de</strong> priorida<strong>de</strong>s pessoais relacionadas à família: “Porque daí eu casei, e não podia sair<br />

<strong>de</strong> Santa Rosa. Não gostaria <strong>de</strong> sair, porque eu era novo e tinha que cuidar dos meus pais.”<br />

(BARRILES, 2011). Notadamente, as supostas exigências profissionais não pareciam ter sido<br />

compreendidas por ele como sua priorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida.<br />

Indo além, Barriles cria não precisar ostentar símbolos em seu uniforme para ser<br />

respeitado. A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalho e a <strong>de</strong>dicação já lhe rendiam prestígio e reconhecimento<br />

suficientes para lhe manter a autoestima elevada. Construiu uma autoimagem <strong>de</strong> alguém<br />

“muito conceituado na unida<strong>de</strong>”, <strong>de</strong>vido<br />

214<br />

ao trabalho na instrução...tiro, essas coisas (…). Teve uma época que o pessoal lá<br />

dizia que eu era o melhor instrutor do Regimento. Então, correu esse boato, né”<br />

(BARRILES, 2011).<br />

Real ou imaginado, o boato não <strong>de</strong>ve ter partido <strong>de</strong> membros do grupo <strong>de</strong> oficiais,<br />

nem menos reproduzido por eles. Tendo tomado forma, o boato teria partido <strong>de</strong> sargentos,<br />

que, tomando como base o sargento, talvez com uma <strong>de</strong>dicação acima da média, tentavam<br />

construir, a partir <strong>de</strong> boatos elogiosos (ELIAS, 2000, p. 20), a figura do melhor instrutor.<br />

Melhor que os oficiais Segundo Barriles, quando havia necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar alguma<br />

“apresentação para general”, no treinamento para Controle <strong>de</strong> Distúrbios Civis,<br />

não era o comandante do esquadrão, nem um outro oficial que iria fazer a<br />

apresentação. Era eu! Com todo o esquadrão! 4 pelotões, trocando <strong>de</strong> formação,<br />

trocando <strong>de</strong> posição <strong>de</strong> arma! Adotando formações (…). Era eu que ia comandar!<br />

(…) Os tenentes R/2 lá não conseguiam fazer isso. Maioria era R/2. E o próprio<br />

comandante do esquadrão não tinha aquele treinamento que eu tinha, porque eu<br />

treinava! Então mandavam eu [sic] (BARRILES, 2011).<br />

Barriles dá a fórmula para seu sucesso na instrução. Treinava as mesmas coisas<br />

durante dias, meses, por repetidos anos. Achava-se bom instrutor pela repetição constante das<br />

instruções. Barriles fora um troupier durante praticamente toda sua vida militar. Segundo ele,<br />

“eu não me <strong>de</strong>diquei no Exército a trabalhos <strong>de</strong> burocracia. Não! Não ia na<br />

burocracia, mas na instrução eu tava sempre. Ninguém me tirava porque ali eu<br />

dominava” (BARRILES, 2011).<br />

O rótulo construído para si, acerca <strong>de</strong> sua pessoa, afrontava a lógica da

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!