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A história da criação do posto <strong>de</strong> subtenente explicaria essa semelhança simbólica<br />

do seu distintivo com o dos oficiais, pois o posto <strong>de</strong> subtenente fora criado para se situar<br />

numa posição intermediária entre oficiais e sargentos. 22<br />

Em solenida<strong>de</strong>s e formaturas, os oficiais armam-se <strong>de</strong> pistola e <strong>de</strong> espada, enquanto<br />

os soldados, cabos e sargentos utilizam-se do fuzil. Pela doutrina 23 , quase a totalida<strong>de</strong> das<br />

praças tem como dotação o fuzil, contudo, conforme o caso ou o alvitre do comandante da<br />

unida<strong>de</strong>, os sargentos também são autorizados a utilizarem a pistola.<br />

Ainda na questão dos a<strong>de</strong>reços, há uma distinção relacionada aos dois primeiros<br />

uniformes do Regulamento, sendo facultativo seu uso apenas aos oficiais. Esses equivalem<br />

aos uniformes <strong>de</strong> gala, no universo civil, quando exigidos a casaca, o fraque ou o smoking,<br />

sendo vedado seu uso às praças. A forte distinção social entre oficiais e praças talvez<br />

pressuponha <strong>de</strong>snecessária uma a<strong>de</strong>quação <strong>de</strong>stes às convenções sociais mais elaboradas do<br />

universo civil. Afinal, o ponto <strong>de</strong> contato da Instituição com aquilo que se reconhece como<br />

“elite” civil <strong>de</strong>ve, necessariamente, ser um indivíduo em função <strong>de</strong> oficial. Preferentemente<br />

um oficial superior (LEIRNER, 1997, p. 15).<br />

O simbolismo do uniforme, com a sua gradação estética, seria apenas uma<br />

representação da gradação <strong>de</strong> valores dos grupos constitutivos da Instituição, e um bom<br />

exemplo da importância dada a essas expressões estéticas, como signos i<strong>de</strong>ntitários <strong>de</strong> cada<br />

um dos grupos envolvidos. O exclusivismo, quanto ao uso <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados a<strong>de</strong>reços, é um<br />

traço simbólico, típico do exclusivismo formalizado em relação a <strong>de</strong>terminadas prerrogativas<br />

bastante reais, presentes na vida prática <strong>de</strong>sses indivíduos que representam as funções <strong>de</strong><br />

oficiais, grupo hierarquicamente superior à massa constitutiva do Exército.<br />

Essa figuração indicaria um padrão <strong>de</strong> relações bastante próximo daquilo que<br />

Norbert Elias chamou <strong>de</strong> “estabelecidos e outsi<strong>de</strong>rs”. Apresentando a obra <strong>de</strong> Elias, Fe<strong>de</strong>rico<br />

Neiburg i<strong>de</strong>ntifica que<br />

26<br />

As categorias estabelecidos e outsi<strong>de</strong>rs se <strong>de</strong>finem na relação que as nega e a as<br />

constitui como i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s sociais. Os indivíduos que fazem parte <strong>de</strong> ambas estão,<br />

ao mesmo tempo, separados e unidos por um laço tenso e <strong>de</strong>sigual <strong>de</strong><br />

inter<strong>de</strong>pendência. Superiorida<strong>de</strong> social e moral, autopercepção e reconhecimento,<br />

pertencimento e exclusão, são elementos <strong>de</strong>ssa dimensão da vida social que o par<br />

estabelecidos-outsi<strong>de</strong>rs ilumina exemplarmente: as relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r (NEIBURG,<br />

2000, p. 8.)<br />

22<br />

23<br />

Decreto nº 22.837, <strong>de</strong> 17 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1933 e Decreto nº 23.347, <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1933.<br />

Os armamentos <strong>de</strong> dotação são discriminados nos Quadros <strong>de</strong> Distribuição <strong>de</strong> Material e nos Quadros <strong>de</strong><br />

Dotação <strong>de</strong> Material.

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