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foram mandados embora antes da estabilida<strong>de</strong>.<br />

O nível <strong>de</strong> instrução da maioria dos sargentos era o 1º Grau (atualmente o ensino<br />

fundamental) e alguns já com o “segundo grau”. Mas <strong>de</strong> acordo com que comenta Barriles,<br />

alguns anos <strong>de</strong>pois do Movimento <strong>de</strong> 1964, “o pessoal começou a estudar mais. Alguns<br />

faziam faculda<strong>de</strong>, né!(...) Mas isso, da unida<strong>de</strong>, assim, tirava seis, sete, no máximo”, e<br />

normalmente os sargentos mais novos, incorporados ao Exército <strong>de</strong>pois do Golpe<br />

(BARRILES, 2011).<br />

Adão Barriles cursou o segundo grau já como sargento, com relativa dificulda<strong>de</strong>, por<br />

causa do trabalho. Precisava às vezes permanecer durante a noite no quartel, preparando as<br />

instruções do dia seguinte, fazendo planos <strong>de</strong> aula. O cabo <strong>de</strong> seu pelotão, nesse quesito não<br />

lhe ajudava muito, pois, segundo ele, apesar <strong>de</strong><br />

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muito trabalhador...em matéria <strong>de</strong> escrita, não tinha. Copiar uma ficha <strong>de</strong> instrução<br />

ou outra...ele errava tudo! E os planos <strong>de</strong> seção tinham que estar tudo controlado no<br />

final <strong>de</strong> semana (BARRILES, 2011).<br />

Além da instrução ser bastante cobrada, o seu planejamento e toda a burocracia que<br />

ela envolvia pareciam ser bastante exigidos. E, pelo que conta Barriles, era ele mesmo quem<br />

preparava, planejava e ministrava a instrução para os soldados <strong>de</strong> seu pelotão (BARRILES,<br />

2011).<br />

Dos cursos <strong>de</strong> especialização, que existiam em sua época e que emprestavam alguma<br />

distinção aos seus possuidores, Barriles se lembrou do curso <strong>de</strong> paraquedismo. Segundo ele,<br />

“quem tinha um brevê, alguma coisa assim, era respeitado. Usava nas solenida<strong>de</strong>s, né (…)<br />

tinha uma admiração. É um sinal <strong>de</strong> que a pessoa lutou por aquilo” (BARRILES, 2011).<br />

Não era o conhecimento ou as habilida<strong>de</strong>s adquiridas ou aprimoradas com o curso,<br />

que pareciam importar, mas a ostentação <strong>de</strong> uma simbologia, autorizada a partir do término<br />

do curso. Termos utilizados por Barriles, tais como “brevê” e “sinal”, são associados a<br />

“solenida<strong>de</strong>s” e a outros tais como “admiração” e “respeito”. Os signos traziam o prestígio<br />

pessoal por si só, sendo subjacentes ao potencial <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s específicas. Os<br />

sargentos com cursos <strong>de</strong> paraquedismo, <strong>de</strong> guerra na selva, <strong>de</strong> comandos e <strong>de</strong> forças especiais<br />

eram respeitados por essas habilida<strong>de</strong>s, muitas vezes consi<strong>de</strong>radas sobre-humanas, por<br />

manterem-se intensa, exaustiva e continuadamente em treinamentos militares.<br />

Mas não era a todos que o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> prestígio, por meio da ostentação <strong>de</strong>

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