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136<br />
se diretamente ao Presi<strong>de</strong>nte da República e outras autorida<strong>de</strong>s por intermédio <strong>de</strong><br />
cartas e memoriais, a fim <strong>de</strong> pleitear benefícios pessoais, protestar contra pretensas<br />
injustiças <strong>de</strong> que se consi<strong>de</strong>ram vítimas ou reivindicar direitos <strong>de</strong> que se julgam<br />
postergados. [E ainda] que tal procedimento é contrário a boa ética militar, pois fere<br />
os princípios firmados em nossos regulamentos e é altamente prejudicial à<br />
Secretaria da Presidência da República e outros órgãos congêneres cujos trabalhos<br />
são <strong>de</strong>snecessariamente tumultuados por tarefas que não lhes são especificadas e<br />
cujas soluções ficam na <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> informações e pareceres dos órgãos<br />
competentes, a que <strong>de</strong>viam ter recorrido os peticionários, se tivessem se enquadrado<br />
<strong>de</strong>ntro das prescrições regulamentares e se utilizado dos instrumentos legais. 237<br />
Pelo lado da administração, era óbvio o tumulto causado ao Secretário do Ministro<br />
da Guerra, caso cada um dos oficiais, sargentos, cabos e soldados do Exército resolvessem<br />
requerer individualmente ao Ministro, sem nenhum filtro <strong>de</strong> seus comandos inferiores.<br />
Incapazes <strong>de</strong> solucionar todas as súplicas que lhes chegavam oriundas <strong>de</strong> todos os quartéis, e<br />
não abrindo mão <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>sejo centralizador, o Alto Comando do Exército, na figura <strong>de</strong> seu<br />
Ministro, via com <strong>de</strong>sagrado as tentativas individuais <strong>de</strong> resolverem seus problemas<br />
particulares, sem a apreciação dos comandos militares. Não possuíam meios <strong>de</strong> <strong>de</strong>cidirem<br />
sobre tudo, a respeito <strong>de</strong> seus subordinados, o que se potencializava muitas vezes, por uma<br />
aparente má vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong>cisória. 238 Os problemas não eram solucionados pelo Alto Comando,<br />
nem permitiam oficialmente que, por outros órgãos ou indivíduos <strong>de</strong> outras figurações civis<br />
correspon<strong>de</strong>ntes e mesmo superiores, como era o caso do Presi<strong>de</strong>nte da República,<br />
resolvessem assuntos pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> sua competência.<br />
Após a II Guerra Mundial, o contexto político já vinha influenciando sobremaneira<br />
as condições <strong>de</strong> socialização dos sargentos. Houve uma crescente movimentação por parte<br />
dos sargentos <strong>de</strong> todas as forças armadas e das forças policiais em se organizarem em<br />
associações <strong>de</strong> classe, <strong>de</strong> caráter assistencial e recreativo. 239 Aquele vácuo resolutivo, a<br />
respeito dos problemas que afligiam a gran<strong>de</strong> maioria dos sargentos, aos poucos, acabou<br />
dando espaço para que associações <strong>de</strong> classe fossem criadas e assumissem o papel <strong>de</strong> porta-<br />
237 EXÉRCITO BRASILEIRO. Boletim Interno da 5ª Companhia Leve <strong>de</strong> Manutenção nº 173, <strong>de</strong> 2 <strong>de</strong> agosto<br />
<strong>de</strong> 1951; transcrição do Aviso nº 442, <strong>de</strong> 16 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1951, publicado no Boletim Interno da Secretaria<br />
Geral do Ministério da Guerra (SGMG) nº 138, <strong>de</strong> 19 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1951.<br />
238 O 1° sargento reformado Teodoro Ferreira da Silva, pedindo <strong>de</strong>spacho <strong>de</strong> uma petição sua que solicitava<br />
pagamento <strong>de</strong> Cr$ 995,80, que julgava ser <strong>de</strong> direito, recebeu o <strong>de</strong>spacho mandando arquivar e que, “O<br />
interessado requeira, querendo, novamente, as quotas a que se julga com direito”. EXÉRCITO<br />
BRASILEIRO. Boletim do Exército nº 29, <strong>de</strong> 22 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1950, p. 2018.<br />
239 O Grêmio Sargento Expedicionário Sargento Santana foi fundado pelos radiotelegrafistas que serviam em<br />
Porto Alegre, em 12 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1947, no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. No ano seguinte, em 28 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong><br />
1948, foi fundada a Casa dos Sargentos do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, que englobava sócios do Exército, Marinha,<br />
Aeronáutica e Brigada Militar. Disponível em:<br />
http://www.geraldosantana.com.br/site/in<strong>de</strong>x.phpoption=com_content&task=view&id=70&Itemid =98;<br />
Acesso em: 13 Mai 2010.