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acabaram interferindo no relacionamento humano. Apesar <strong>de</strong>ssas mudanças, ele acredita que<br />

muitas coisas permanecem. Além da rotina dos trabalhos no quartel terem permanecido a<br />

mesma durante os seus quase 30 anos <strong>de</strong> serviço, no aspecto do respeito à hierarquia,<br />

“in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte se você tá mais ligado ou mais...próximo...isso não mudou não” (MOREIRA,<br />

2011).<br />

Para o velho sargento, atualmente, em regra, os oficiais recém-chegados da aca<strong>de</strong>mia<br />

militar estariam mantendo um melhor e mais aberto relacionamento com os praças, e estes,<br />

por sua vez, estariam contribuindo mais com a sua experiência e até mesmo aconselhando-os:<br />

“O pessoal sabe que ele tá mais próximo...ajuda mais” (MOREIRA, 2011). 350<br />

254<br />

d. Obscurantismo e fetiche do saber universitário<br />

Outra mutação importante, constatada pelo <strong>de</strong>poente, fora em relação à<br />

intelectualização dos sargentos e às suas expectativas quanto à carreira. A<strong>de</strong>ir conta que,<br />

naquela época – talvez se referindo aos anos 70 e 80 –, era mais raro haver sargentos que se<br />

interessassem pela continuida<strong>de</strong> em seus estudos.<br />

Oficialmente, o ensino fundamental era o padrão <strong>de</strong>sejável para os sargentos e<br />

ultrapassar essa bitola educacional não era muito fácil para um sargento. Tolerava-se, em<br />

geral, cursarem o ensino médio. Raros eram os oficiais que estimulavam seus estudos além<br />

daquele grau. Havia um constrangimento, muitas vezes velado, <strong>de</strong> alguns oficiais, no sentido<br />

<strong>de</strong> pelo menos dificultarem os sargentos, e praças <strong>de</strong> um modo geral, <strong>de</strong> se educarem além do<br />

conhecimento colegial. Não era uma exclusivida<strong>de</strong> das classes superiores militares essa<br />

política obscurantista, já que ele fora um pensamento predominante no Brasil, pelo menos<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início do século XX. Em 1920, observaria um estrangeiro, que as classes dirigentes,<br />

não eram favoráveis ao ensino das massas, pois o trabalho braçal que elas <strong>de</strong>mandavam não<br />

requeria educação, “a qual a seu ver só produzia insatisfação, agitação e greves” (MCCANN,<br />

2009, p. 293)<br />

Do lado militar, para ficarmos apenas com um exemplo, o general Setembrino – que,<br />

em 1925, fechou a Biblioteca do Exército, permitindo que seu acervo, reunido <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1881, se<br />

350 É bem provável que essa “proximida<strong>de</strong>” aumentada ao longo <strong>de</strong>sses últimos anos, entre oficiais e sargentos,<br />

<strong>de</strong>riva-se das semelhantes condições sociais originárias dos indivíduos ocupantes dos dois grupos funcionais.<br />

Para condições sociais dos ca<strong>de</strong>tes da AMAN formados no final da década <strong>de</strong> 1980, ver: CASTRO, 1990, pp.<br />

139-142.

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