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A todos os entrevistados foram oferecidas as mesmas condições <strong>de</strong> anonimato. Os 4<br />

que estão na reserva remunerada foram taxativos <strong>de</strong> que não havia necessida<strong>de</strong>. Fizeram<br />

questão <strong>de</strong> apresentarem suas individualida<strong>de</strong>s, mesmo ao serem lembrados <strong>de</strong> que possíveis<br />

assuntos comentados por eles po<strong>de</strong>riam não ser bem recebidos pela alta oficialida<strong>de</strong>. Por<br />

motivos óbvios, apenas os dois entrevistados, que ainda estão na ativa, solicitaram a condição<br />

<strong>de</strong> anônimos.<br />

As entrevistas dos militares da reserva remunerada foram realizadas em suas<br />

residências, e as dos militares da ativa <strong>de</strong>ram-se, em isolamento, em um dos quartéis <strong>de</strong><br />

Curitiba.<br />

A partir <strong>de</strong> um total <strong>de</strong> 14 horas e meia <strong>de</strong> entrevistas em áudio, as transcrições, que<br />

perfizeram quase duzentas laudas, compõem a presente <strong>tese</strong> como apêndices.<br />

É necessário lembrar a obvieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> que as percepções dos entrevistados não<br />

refletem as <strong>de</strong> todo o seu grupo social e geracional <strong>de</strong> pertencimento. 32 Elas são pontos <strong>de</strong><br />

vistas particulares e não <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>slocadas para serem tratadas <strong>de</strong> outra forma.<br />

Contudo, esses pontos <strong>de</strong> vista expõem um arcabouço <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias que são apropriadas<br />

socialmente e acabam colimando com o que se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>finir como uma espécie <strong>de</strong> construção<br />

i<strong>de</strong>al-típica do tipo weberiano. Nesse sentido, as análises microssociológicas não <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong><br />

dialogar com as análises macro.<br />

Com relação a alguns temas, os pontos <strong>de</strong> vista dos indivíduos <strong>de</strong> gerações diferentes<br />

se chocam, como foi o caso dos posicionamentos políticos e i<strong>de</strong>ológicos dos <strong>de</strong>poentes. Mas<br />

em outros casos – como nas relações sociais entre os sargentos e os oficiais, e entre os<br />

sargentos e os soldados – a colimação se <strong>de</strong>u mesmo intergeracionalmente, o que indica que<br />

esses elementos relacionais, apesar <strong>de</strong> mudanças significativas ocorridas na última década,<br />

têm se apresentado com uma relativa perenida<strong>de</strong>, por praticamente duas gerações.<br />

Aliás, a perenida<strong>de</strong> do tecido social, em todos os seus sentidos, é uma característica<br />

entre os militares. Faz parte mesmo <strong>de</strong> sua caracterização atual do grupo. Para Hobsbawm, “a<br />

evidência mostra que os oficiais <strong>de</strong> exército nos países oci<strong>de</strong>ntais são socialmente<br />

conservadores e que também o são, muito frequentemente, os militares <strong>de</strong> carreira, ao<br />

contrário dos recrutados” (HOBSBAWM, 1982, p. 183). John Keegan acredita que diante das<br />

alterações ao longo do tempo, o mundo do guerreiro acerta o pé com o do civil, “mas o segue<br />

à distância”, sendo que “essa distância nunca po<strong>de</strong> ser eliminada, pois a cultura do guerreiro<br />

38<br />

32 Como dito, fosse essa a pretensão do autor, este trabalharia com dados quantitativos, a partir das entrevistas.

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