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Depen<strong>de</strong>ndo também da faixa etária em que o funcionário público se encontra, ele<br />

se mostra mais ou menos acomodado à instituição. Pessoas mais velhas apresentam<br />

maior acomodação e consciência <strong>de</strong> sua necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> em todas as<br />

classes sociais, <strong>de</strong>ntro do funcionalismo (FERRARI, 2006, p. 74).<br />

No caso concreto dos sargentos do Exército, essa acomodação seria relativa, para<br />

aqueles sem perspectivas <strong>de</strong> novas promoções. Segundo o <strong>de</strong>poente, uma parte daquela<br />

minoria <strong>de</strong> subtenentes, que acreditam não ter uma ficha <strong>de</strong> conceito boa o suficiente, para<br />

ascen<strong>de</strong>ram ao oficialato, não se acomodam à submissão e acabam sendo mais corajosos que<br />

os <strong>de</strong>mais, com alguma chance <strong>de</strong> ascensão. “Como se eles não tivessem nada a per<strong>de</strong>r”<br />

(Entrevista nº 6), tomam a frente das praças, mesmo não sendo os mais antigos <strong>de</strong>les, e<br />

impõem-se com voz ativa, diante dos oficiais. Bem possivelmente, as pressões por mudanças<br />

no regime disciplinar viriam <strong>de</strong>sses indivíduos, não cooptados pela potencial força atrativa<br />

das expectativas inerentes ao regime profissional carreirista. Para estes, a coragem juvenil<br />

seria mantida, em <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> uma improvável ascensão na carreira.<br />

Aliás, quando o <strong>de</strong>poente menciona acerca da carreira militar no Exército, como<br />

sargento, parece querer <strong>de</strong>ixar claro que ela é percebida <strong>de</strong> uma forma não muito positiva.<br />

Enten<strong>de</strong>ndo que o Exército seja “uma Instituição que tem seus pontos positivos” (Entrevista<br />

nº 6), vêm-lhe à memória somente dois <strong>de</strong>sses pontos. Um <strong>de</strong>les refere-se à mobilida<strong>de</strong><br />

geográfica proporcionada pela profissão, privilégio que, através da integração direta com<br />

culturas regionais variadas, ampliaria nos indivíduos a carga <strong>de</strong> conhecimento empírico<br />

<strong>de</strong>ssas mesmas culturas, e lhes apresentaria uma melhor dimensão do que seria o país,<br />

bastante diferente da visão pontual e monofocal daqueles que nascem, vivem e morrem em<br />

um mesmo lugar. Ou seja, esse ponto positivo relacionar-se-ia ao aspecto cultural dos<br />

indivíduos.<br />

A outra <strong>de</strong>ssas vantagens, reputada pelo <strong>de</strong>poente, ao serviço no Exército, refere-se,<br />

também, à mobilida<strong>de</strong> geográfica, mas no plano relacional e individual. Palavras do <strong>de</strong>poente:<br />

E às vezes é muito gratificante quando a gente olha pro Brasil, a gente sabe que a<br />

gente tem amigos em quase todos os Estados. Isso é uma gran<strong>de</strong> gratificação do<br />

Exército. Esse é o ponto, talvez, mais forte que eu vejo do Exército (Entrevista nº 6).<br />

Este último, portanto, refere-se intrinsecamente ao aspecto afetivo no nível<br />

individual. Terminam por aí as referências positivas.<br />

É digno <strong>de</strong> nota o fato <strong>de</strong> não serem mencionados quaisquer aspectos positivos da<br />

profissão, os quais se relacionassem ao profissional propriamente dito, mas somente a

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