05.05.2017 Views

2 - TARTUCE, Flávio. Direito Civil - Vol. 01 - Lei de Introdução a Parte Geral (2017)

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

em construídos por Norberto Bobbio, ainda têm aplicação. No entanto, a tendência,<br />

muito<br />

o <strong>Direito</strong> no futuro, é que sejam substituídos pelo diálogo das fontes.<br />

olhando<br />

quarta e última premissa das conclusões <strong>de</strong>ste autor sobre a referida interação é a <strong>de</strong> que<br />

A<br />

se po<strong>de</strong> esquecer a aplicação dos princípios constitucionais, particularmente aqueles que<br />

não<br />

à proteção da dignida<strong>de</strong> humana e à solidarieda<strong>de</strong> social. Em poucas palavras, é preciso<br />

visam<br />

dialogar com a Constituição Fe<strong>de</strong>ral, consolidando o <strong>Direito</strong> <strong>Civil</strong> Constitucional.<br />

também<br />

bem, analisadas essas premissas, po<strong>de</strong>mos trazer aqui alguns exemplos <strong>de</strong> aplicação da<br />

Pois<br />

do diálogo das fontes (CDC versus CC). Deve ser mencionado que a obra coletiva <strong>de</strong> Cláudia<br />

tese<br />

Marques, Antonio Herman V. e Benjamin e Bruno Miragem busca <strong>de</strong> maneira constante<br />

Lima<br />

interação <strong>de</strong> complementarida<strong>de</strong>, esse diálogo inafastável. Esse livro coletivo foi o que nos<br />

essa<br />

a refletir <strong>de</strong> forma intensa sobre o tema e a buscar novos horizontes para o <strong>Direito</strong><br />

inspirou<br />

brasileiro.<br />

Privado<br />

primeiro exemplo <strong>de</strong> aplicação <strong>de</strong>sse diálogo, po<strong>de</strong> ser mencionada a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Como<br />

aplicar tanto o Código <strong>Civil</strong> quanto o Código <strong>de</strong> Defesa do Consumidor na formação <strong>de</strong> um<br />

se<br />

jurídico patrimonial, em um diálogo <strong>de</strong> complementarida<strong>de</strong>. Imagine-se o caso <strong>de</strong> uma<br />

negócio<br />

<strong>de</strong> bem <strong>de</strong> consumo realizada pela Internet. Ora, para esse caso, serão aplicadas tanto as<br />

compra<br />

previstas para a formação do contrato constantes do Código <strong>Civil</strong> (art. 426 a 435) quanto<br />

regras<br />

previstas para a oferta do CDC (art. 30 a 38).<br />

as<br />

relação à revisão judicial dos contratos por fatos supervenientes, sabe-se que o Código<br />

Em<br />

consagra a revisão contratual diante <strong>de</strong> uma imprevisibilida<strong>de</strong> somada a uma onerosida<strong>de</strong><br />

<strong>Civil</strong><br />

nos seus arts. 317 e 478. No entanto, o CDC consagra a revisão contratual por simples<br />

excessiva,<br />

excessiva (art. 6.º, V). No último caso, a <strong>Lei</strong> Consumerista dispensa a prova <strong>de</strong><br />

onerosida<strong>de</strong><br />

imprevisíveis para motivar a revisão contratual. Pois bem, quando se fala em revisão<br />

eventos<br />

dos contratos civis, alguns doutrinadores <strong>de</strong>monstram a preocupação em analisar o fato<br />

judicial<br />

tendo como parâmetro não o mercado, mas sim as consequências para a parte<br />

imprevisto<br />

contratante.<br />

entendimento consta dos Enunciados ns. 17 e 175 do Conselho da Justiça Fe<strong>de</strong>ral,<br />

Esse<br />

na I e III Jornada <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Civil</strong>, respectivamente, visando a tornar mais funcional a<br />

aprovados<br />

do contrato civil. Com isso, procura-se aproximar a revisão contratual prevista no<br />

revisão<br />

<strong>Civil</strong> da revisão contratual consolidada pelo Código <strong>de</strong> Defesa do Consumidor, em um<br />

Código<br />

<strong>de</strong> conexão.<br />

diálogo<br />

que concerne aos contratos <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são, aqueles em que o conteúdo é pre<strong>de</strong>terminado por<br />

No<br />

das partes da avença, o Código <strong>Civil</strong> <strong>de</strong> 2002 traz normas <strong>de</strong> proteção do a<strong>de</strong>rente que<br />

uma<br />

correspondência no Código <strong>de</strong> Defesa do Consumidor. O art. 423 do Código <strong>Civil</strong><br />

encontram<br />

que os contratos <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são, na dúvida, <strong>de</strong>vem ser interpretados da maneira mais favorável<br />

estatui<br />

a<strong>de</strong>rente, assim como o art. 47 do CDC prevê que os contratos <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong>vem ser<br />

ao<br />

da maneira mais favorável ao consumidor. O art. 424 do Código <strong>Civil</strong> enuncia que<br />

interpretados<br />

contratos <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são serão nulas as cláusulas que implicam renúncia prévia pelo a<strong>de</strong>rente a<br />

nos<br />

resultante da natureza do negócio. Equivale parcialmente este último dispositivo ao art.<br />

direito<br />

do CDC, comando legal que traz um rol exemplificativo (numerus apertus) <strong>de</strong> cláusulas<br />

51<br />

aos contratos <strong>de</strong> consumo. Sendo o contrato, ao mesmo tempo, <strong>de</strong> consumo e <strong>de</strong><br />

abusivas<br />

todas as normas po<strong>de</strong>m ser aplicadas, em outro diálogo <strong>de</strong> complementarida<strong>de</strong>.<br />

a<strong>de</strong>são,<br />

<strong>Direito</strong> <strong>Civil</strong> - <strong>Vol</strong>. I

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!