05.05.2017 Views

2 - TARTUCE, Flávio. Direito Civil - Vol. 01 - Lei de Introdução a Parte Geral (2017)

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

art. 221 do CC/2002 revogou, <strong>de</strong> forma tácita, o art. 585, II, do CPC, na parte que exige duas<br />

“O<br />

para que o documento seja consi<strong>de</strong>rado título executivo, porque ‘lex porterior <strong>de</strong>rrogat<br />

testemunhas<br />

ou no vernáculo: ‘lei posterior revoga a anterior’. Aos contratos celebrados na vigência do atual<br />

priorem’<br />

não mais será necessária a presença <strong>de</strong> testemunhas para a existência do título executivo. Ao <strong>de</strong>ixar<br />

Código,<br />

ter este requisito para a valida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contrato, não po<strong>de</strong> a regra processual subsistir, mantendo a exigência<br />

<strong>de</strong><br />

que o contrato seja tido como título executivo extrajudicial.<br />

para<br />

firmados <strong>de</strong>pois da vigência do Código <strong>Civil</strong> <strong>de</strong> 2002 que não tenham testemunhas, quando<br />

Contratos<br />

e se tiverem os <strong>de</strong>mais requisitos para a execução, como a liqui<strong>de</strong>z, certeza e exigibilida<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong>scumpridos<br />

como título executivo, abstraída a parte do art. 585, II, do CPC que mantinha a obrigatorieda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

servirão<br />

no documento constasse a assinatura <strong>de</strong> duas testemunhas, para que a parte pu<strong>de</strong>sse lançar mão do<br />

que<br />

o <strong>de</strong>vido respeito, o presente autor nunca se filiou a esse entendimento, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />

Com<br />

edição <strong>de</strong>sta obra, publicada no ano <strong>de</strong> 2004. Ao contrário do posicionamento <strong>de</strong><br />

primeira<br />

Jeová Santos, enten<strong>de</strong>mos que, no caso <strong>de</strong>scrito, não haveria uma antinomia <strong>de</strong><br />

Antonio<br />

grau aparente, <strong>de</strong>vendo a norma posterior (o Código <strong>Civil</strong> <strong>de</strong> 2002) prevalecer sobre a<br />

primeiro<br />

anterior (o Código <strong>de</strong> Processo <strong>Civil</strong> <strong>de</strong> 1973), gerando a revogação do seu art. 585, II. Se<br />

norma<br />

fosse, a questão igualmente estaria solucionada com a emergência do Novo CPC, que é<br />

assim<br />

posterior.<br />

realida<strong>de</strong>, a nossa posição sempre foi no sentido <strong>de</strong> que o art. 221 do CC/2002 constitui<br />

Na<br />

norma geral posterior, se comparada com o art. 585, II, do CPC/1973, norma especial<br />

uma<br />

A primeira constitui norma geral porque não trata especificamente do processo <strong>de</strong><br />

anterior.<br />

mas da prova do negócio jurídico <strong>de</strong> maneira genérica. Aliás, esse é o posicionamento<br />

execução,<br />

<strong>de</strong>fendido em relação a todo o tratamento previsto no Código <strong>Civil</strong> quanto à prova do<br />

sempre<br />

jurídico, conforme se <strong>de</strong>preen<strong>de</strong> da leitura do presente capítulo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o seu início.<br />

negócio<br />

outra via, o art. 585, II, do CPC/1973 constituía norma especial anterior. Especial<br />

Por<br />

tratava do processo <strong>de</strong> execução, como norma processual específica. Anterior porque<br />

porque<br />

o Código <strong>de</strong> Processo <strong>Civil</strong> antigo entrou em vigor antes do Código <strong>Civil</strong> <strong>de</strong> 2002.<br />

realmente<br />

assim, havia, no caso em questão, uma antinomia, conflito <strong>de</strong> normas entre os dois<br />

Sendo<br />

No entanto, tratava-se <strong>de</strong> uma antinomia aparente, uma vez que sempre houve<br />

dispositivos.<br />

para solução <strong>de</strong>sse conflito, <strong>de</strong>vendo prevalecer a especialida<strong>de</strong> do Código <strong>de</strong><br />

metacritério<br />

<strong>Civil</strong>. A antinomia era, ainda, uma colisão <strong>de</strong> segundo grau, envolvendo, além <strong>de</strong>sse<br />

Processo<br />

o cronológico.<br />

critério,<br />

é notório, o critério da especialida<strong>de</strong> <strong>de</strong>verá prevalecer sobre o critério cronológico,<br />

Como<br />

que consta da Constituição Fe<strong>de</strong>ral, na segunda parte do princípio constitucional da<br />

eis<br />

consagrado pelo art. 5.º, caput, da <strong>Lei</strong> Maior (a lei <strong>de</strong>ve tratar <strong>de</strong> maneira <strong>de</strong>sigual os<br />

isonomia,<br />

(sobre o tema, ver: DINIZ, Maria Helena. Conflito <strong>de</strong> Normas…, 2003). Essa é a razão<br />

<strong>de</strong>siguais)<br />

para que continuasse a ser aplicada a regra processual, estabelecida no art. 585, II, do<br />

relevante<br />

CPC/1973.<br />

isso, este autor continuava a enten<strong>de</strong>r pela necessida<strong>de</strong> da assinatura <strong>de</strong> duas<br />

Por<br />

para que <strong>de</strong>terminado negócio jurídico ou contrato fosse consi<strong>de</strong>rado título<br />

testemunhas,<br />

extrajudicial. Anote-se que o <strong>de</strong>bate e a conclusão expostos nesta obra, em edições<br />

executivo<br />

<strong>Direito</strong> <strong>Civil</strong> - <strong>Vol</strong>. I<br />

Antonio Jeová Santos, nos seguintes termos:<br />

processo <strong>de</strong> execução” (SANTOS, Antonio Jeová. <strong>Direito</strong> Intertemporal…, 2003. p. 122).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!