05.05.2017 Views

2 - TARTUCE, Flávio. Direito Civil - Vol. 01 - Lei de Introdução a Parte Geral (2017)

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

etido. Cerceamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa. Oitiva <strong>de</strong> testemunhas. Prova realizada por precatória. Nulida<strong>de</strong><br />

“Agravo<br />

Desprovimento. Apelação cível. Ação <strong>de</strong> investigação <strong>de</strong> paternida<strong>de</strong>. Reconhecimento recaído em<br />

refutada.<br />

falecida. Negativa pura e simples dos her<strong>de</strong>iros em realizar o exame <strong>de</strong> DNA. Presunção <strong>de</strong><br />

pessoa<br />

Exegese dos arts. 231 e 232 do Código <strong>Civil</strong>. Aplicação subsidiária da Súmula 3<strong>01</strong> do STJ.<br />

paternida<strong>de</strong>.<br />

mantida. Apelo <strong>de</strong>sprovido. A recusa <strong>de</strong>sprovida <strong>de</strong> justificativa dos her<strong>de</strong>iros em realizar o exame<br />

Sentença<br />

DNA, nas ações <strong>de</strong> investigação <strong>de</strong> paternida<strong>de</strong>, faz incidir a redação dos arts. 231 e 232 do Código <strong>Civil</strong>,<br />

<strong>de</strong><br />

modo que a paternida<strong>de</strong> do investigado convola-se em presumida” (TJSC, Acórdão 2007.060709-4, Rio<br />

<strong>de</strong><br />

Sul, Terceira Câmara <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Civil</strong>, Rel. Des. Fernando Carioni, DJSC 16.04.2008, p. 136).<br />

do<br />

relação ao último dispositivo, foi feita proposta <strong>de</strong> enunciado na III Jornada <strong>de</strong> <strong>Direito</strong><br />

Em<br />

in verbis: “A perícia <strong>de</strong> que trata o art. 232 há <strong>de</strong> ser realizada por especialista formado em<br />

<strong>Civil</strong>,<br />

justificando-se qualquer recusa <strong>de</strong> submissão a tal exame sempre que os laboratórios e<br />

medicina,<br />

não pertencerem ao ramo <strong>de</strong> medicina”. Essa proposta <strong>de</strong> enunciado doutrinário, com o<br />

peritos<br />

há que se concordar, aplica-se principalmente aos exames feitos extrajudicialmente, em<br />

qual<br />

especializados, e traz no seu conteúdo a aplicação do princípio da boa-fé para a<br />

laboratórios<br />

em questão. No entanto, infelizmente, o enunciado doutrinário não foi aprovado pela<br />

perícia<br />

da <strong>Parte</strong> <strong>Geral</strong> na III Jornada <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Civil</strong>.<br />

comissão<br />

exame <strong>de</strong> DNA vem sendo apontado pela doutrina e pela jurisprudência como meio <strong>de</strong><br />

O<br />

dos mais eficazes, justamente porque dá certeza quase absoluta da ausência ou da presença<br />

prova<br />

vínculo biológico. Compreen<strong>de</strong>mos que os comandos legais ora estudados constituem<br />

do<br />

<strong>de</strong> or<strong>de</strong>m pública, mantendo relação direta com o princípio <strong>de</strong> proteção da dignida<strong>de</strong> da<br />

normas<br />

humana (art. 1.º, III, da CF/1988), bem como com a igualda<strong>de</strong> entre filhos, havidos ou<br />

pessoa<br />

da relação <strong>de</strong> casamento (art. 227, § 6.º, da CF/1988 e art. 1.596 do CC).<br />

não<br />

uma questão <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> relevância prática cabe ser levantada a respeito do tema:<br />

Entretanto,<br />

o réu <strong>de</strong>ssa ação negar-se a fazer tal exame? Caso ocorra a negativa, caberá a prisão civil?<br />

po<strong>de</strong><br />

esse tema, sempre discorreram muito bem Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona<br />

Sobre<br />

Lembram esses doutrinadores contemporâneos que: “Em artigo publicado no site do<br />

Filho.<br />

da Justiça Fe<strong>de</strong>ral, o Ministro Moreira Alves pon<strong>de</strong>rou: ‘No Supremo Tribunal<br />

Conselho<br />

não há muito, tivemos uma vasta discussão em habeas corpus, em que uma juíza havia<br />

Fe<strong>de</strong>ral,<br />

<strong>de</strong>baixo <strong>de</strong> vara, a condução <strong>de</strong> um investigando <strong>de</strong> paternida<strong>de</strong> que se recusava a<br />

<strong>de</strong>terminado,<br />

sangue para efeito do exame <strong>de</strong> DNA. A juíza não teve dúvida e disse: conduza-se, ainda<br />

extrair<br />

à força. Ele alegava: tenho terror e pânico até <strong>de</strong> injeção, quanto mais <strong>de</strong> tirar sangue. Depois<br />

que<br />

uma vasta discussão no Plenário do Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral, por 6 votos a 5, consi<strong>de</strong>rou-se<br />

<strong>de</strong><br />

isso atingia um direito <strong>de</strong> personalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>le <strong>de</strong> não querer tirar sangue, mas corria contra<br />

que<br />

obviamente, a presunção <strong>de</strong> que realmente fosse o pai’” (GAGLIANO, Pablo Stolze;<br />

ele,<br />

FILHO, Rodolfo. Novo Curso…, 2003. v. I, p. 455).<br />

PAMPLONA<br />

situação <strong>de</strong>scrita, percebe-se um claro choque entre direitos fundamentais ou <strong>de</strong><br />

Na<br />

direito ao reconhecimento do vínculo <strong>de</strong> paternida<strong>de</strong> x direito à integrida<strong>de</strong> física<br />

personalida<strong>de</strong>:<br />

intimida<strong>de</strong>. Qual <strong>de</strong>sses direitos <strong>de</strong>ve prevalecer? A questão parece simples, mas não o é. Deve-<br />

e<br />

fazer uma pon<strong>de</strong>ração entre esses direitos fundamentais, conforme prescreve o Enunciado n.<br />

se<br />

do CJF/STJ, da IV Jornada <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Civil</strong>, evento promovido pelo Conselho da Justiça<br />

274<br />

e pelo Superior Tribunal <strong>de</strong> Justiça no ano <strong>de</strong> 2006: “Os direitos da personalida<strong>de</strong>,<br />

Fe<strong>de</strong>ral<br />

<strong>de</strong> maneira não exaustiva pelo Código <strong>Civil</strong>, são expressões da cláusula geral <strong>de</strong> tutela<br />

regulados<br />

<strong>Direito</strong> <strong>Civil</strong> - <strong>Vol</strong>. I<br />

da pessoa humana, contida no art. 1.º, III, da Constituição (princípio da dignida<strong>de</strong> da pessoa

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!