05.05.2017 Views

2 - TARTUCE, Flávio. Direito Civil - Vol. 01 - Lei de Introdução a Parte Geral (2017)

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

querido’ não é clara porque tanto po<strong>de</strong>ria referir o querer dirigido ao outro negócio<br />

teriam<br />

(e esse parece ser o entendimento mais a<strong>de</strong>quado), como o querer dirigido à subsistência<br />

jurídico<br />

outro negócio jurídico, ou seja, a chamada ‘intenção ou vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> conversão’<br />

do<br />

Konversionswille ou animus convertendi); e c) o emprego do verbo ‘subsistir’<br />

(Konversionsabsicht,<br />

sugerir que o outro negócio jurídico já estava, por assim dizer, contido no primeiro e,<br />

po<strong>de</strong>ria<br />

não haveria propriamente conversão, mas, sim, apenas manutenção do (outro) negócio<br />

portanto,<br />

(Conversão substancial…, 20<strong>01</strong>, p. 278).<br />

jurídico”<br />

críticas se justificam, somando-se o fato <strong>de</strong> que o dispositivo é mal escrito e <strong>de</strong> difícil<br />

As<br />

pela comunida<strong>de</strong> jurídica em geral.<br />

compreensão<br />

ao tema da conversão do negócio nulo, o seu reconhecimento contraria a<br />

Quanto<br />

anterior, pela qual não era admitido o aproveitamento do negócio jurídico nulo.<br />

sistemática<br />

sentido, Miguel Maria <strong>de</strong> Serpa Lopes dizia, com muita proprieda<strong>de</strong>, que a nulida<strong>de</strong> tinha<br />

Nesse<br />

<strong>de</strong>struidores, eis que “nada <strong>de</strong>ve restar do contrato, nenhum efeito, pelo menos futuro,<br />

efeitos<br />

po<strong>de</strong> exsurgir” (Curso <strong>de</strong> direito civil…, 1988, v. I, p. 450). Com a nulida<strong>de</strong> absoluta o<br />

<strong>de</strong>le<br />

era aniquilado, transformando-se em cinzas.<br />

negócio<br />

atualida<strong>de</strong>, é possível a conversão do negócio nulo em outro negócio jurídico,<br />

Na<br />

em certo sentido. Para tanto, a lei exige um elemento subjetivo, eis que é<br />

aproveitando-o<br />

que os contratantes queiram o outro negócio ou contrato para o qual o negócio nulo<br />

necessário<br />

convertido. Implicitamente, <strong>de</strong>vem ter conhecimento da nulida<strong>de</strong> que acomete o pacto<br />

será<br />

celebrado.<br />

o Enunciado n. 13 do CJF/STJ, aprovado na I Jornada <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>Civil</strong>, há também<br />

Segundo<br />

requisito objetivo, eis que “o aspecto objetivo da conversão requer a existência do suporte<br />

um<br />

no negócio a converter-se”. Pelo que consta do enunciado, é necessário que a situação<br />

fático<br />

permita a conversão, particularmente pela certa similarida<strong>de</strong> entre os elementos do<br />

fática<br />

nulo e daquele para o qual ocorrerá a conversão. Em outras palavras, o negócio a ser<br />

negócio<br />

<strong>de</strong>ve apresentar os pressupostos <strong>de</strong> existência (suporte fático) e os requisitos <strong>de</strong><br />

convertido<br />

ou seja, os dois primeiros <strong>de</strong>graus da Escada Ponteana.<br />

valida<strong>de</strong>,<br />

sentido, a conversão do negócio jurídico constitui o meio jurídico pelo qual o negócio<br />

Nesse<br />

respeitados certos requisitos, transforma-se em outro negócio, totalmente válido, visando à<br />

nulo,<br />

contratual e à manutenção da vonta<strong>de</strong>, da autonomia privada.<br />

conservação<br />

Senise Lisboa aponta duas teorias em relação à conversão do negócio jurídico. A<br />

Roberto<br />

<strong>de</strong>nominada teoria objetiva, aponta que é <strong>de</strong>snecessária a apreensão da vonta<strong>de</strong><br />

primeira,<br />

originária, havendo apenas uma correção da quantificação jurídica do negócio. A<br />

negocial<br />

adotada pelo Código <strong>Civil</strong> Brasileiro, <strong>de</strong>nominada teoria subjetiva, segue o<br />

segunda,<br />

“pelo meio do qual <strong>de</strong>ve o intérprete concluir se subsistiu uma vonta<strong>de</strong> negocial<br />

entendimento<br />

expressa ou tácita, para a conversão”. Há, nessa última, uma “presunção <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong><br />

subsidiária,<br />

vonta<strong>de</strong> hipotética, conforme Cariota Ferrara)” (Manual <strong>de</strong> direito civil…, 2004, v. I, p.<br />

(uma<br />

A conclusão é <strong>de</strong> que o art. 170 do CC traz uma conversão subjetiva e indireta. Subjetiva<br />

488).<br />

exige a vonta<strong>de</strong> das partes; indireta porque o negócio nulo é convertido em outro.<br />

porque<br />

modo, na busca da verda<strong>de</strong> real do negócio, procura-se o equilíbrio entre as partes,<br />

Desse<br />

o caráter individualista e o tecnicismo da codificação anterior. Nesse ponto, há<br />

afastando-se<br />

com o princípio da função social do contrato, eis que o negócio é analisado no plano<br />

contato<br />

<strong>Direito</strong> <strong>Civil</strong> - <strong>Vol</strong>. I

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!