05.05.2017 Views

2 - TARTUCE, Flávio. Direito Civil - Vol. 01 - Lei de Introdução a Parte Geral (2017)

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

o Tribunal da Cidadania concluiu que “a impenhorabilida<strong>de</strong> do bem <strong>de</strong> família no qual<br />

mínimo,<br />

o sócio <strong>de</strong>vedor não é afastada pelo fato <strong>de</strong> o imóvel pertencer à socieda<strong>de</strong> empresária”<br />

resi<strong>de</strong><br />

EDcl no AREsp 511.486/SC, Rel. Min. Raul Araújo, j. 03.03.2<strong>01</strong>6, DJe 10.03.2<strong>01</strong>6, publicado<br />

(STJ,<br />

seu Informativo n. 579).<br />

no<br />

bem, tradicionalmente, o bem <strong>de</strong> família po<strong>de</strong> ser conceituado como o imóvel utilizado<br />

Pois<br />

residência da entida<strong>de</strong> familiar, <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> casamento, união estável, entida<strong>de</strong><br />

como<br />

ou entida<strong>de</strong> <strong>de</strong> outra origem. Duas são as formas <strong>de</strong> bem <strong>de</strong> família previstas no<br />

monoparental,<br />

jurídico brasileiro.<br />

or<strong>de</strong>namento<br />

início, po<strong>de</strong>m os cônjuges ou entida<strong>de</strong> familiar – famílias <strong>de</strong>correntes do casamento,<br />

De<br />

estáveis entre homem e mulher, famílias monoparentais ou outra origem –, mediante<br />

uniões<br />

pública ou testamento, <strong>de</strong>stinar fração <strong>de</strong> seu patrimônio para instituir o bem <strong>de</strong> família<br />

escritura<br />

ou voluntário.<br />

convencional<br />

do bem <strong>de</strong> família convencional ou voluntário, a <strong>Lei</strong> 8.009/1990, baseada no trabalho<br />

Além<br />

do Professor Álvaro Villaça Azevedo, dispõe sobre a impenhorabilida<strong>de</strong> do bem <strong>de</strong><br />

acadêmico<br />

legal, que passou a ser o imóvel resi<strong>de</strong>ncial (rural ou urbano) próprio do casal ou da<br />

família<br />

familiar, protegido pela impenhorabilida<strong>de</strong>, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> inscrição no<br />

entida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Imóveis. Originariamente, ensina o Professor do Largo <strong>de</strong> São Francisco que “Po<strong>de</strong>se<br />

Registro<br />

dizer, seguramente, que o bem <strong>de</strong> família nasceu com tratamento jurídico específico, na<br />

do Texas, sendo certo que, no <strong>Direito</strong> Americano, <strong>de</strong>sponta ele como sendo uma<br />

República<br />

proprieda<strong>de</strong> agrícola, resi<strong>de</strong>ncial, da família, consagrada à proteção <strong>de</strong>sta” (AZEVEDO,<br />

pequena<br />

Villaça. Bem <strong>de</strong> família…, 1974, p. 19). Trata-se da proteção do homestead, o que significa<br />

Álvaro<br />

do lar. local<br />

partir <strong>de</strong>ssa visão dualista, passa-se à análise <strong>de</strong>ssas duas modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> bens protegidas<br />

A<br />

lei privada.<br />

pela<br />

bem <strong>de</strong> família convencional ou voluntário<br />

O<br />

matéria antes estava tratada na <strong>Parte</strong> <strong>Geral</strong> do Código <strong>Civil</strong> <strong>de</strong> 1916 (arts. 70 a 73),<br />

A<br />

agora inserida no livro que trata <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>de</strong> Família (arts. 1.711 a 1.722). Isso porque o<br />

estando<br />

mantém relação direta com o direito familiar, sendo tendência a proteção dos direitos<br />

instituto<br />

personalida<strong>de</strong>, a partir <strong>de</strong> uma concepção social e axiológica. Por razões didáticas e<br />

da<br />

está-se tratando da matéria no presente volume.<br />

metodológicas,<br />

bem <strong>de</strong> família convencional ou voluntário po<strong>de</strong> ser instituído pelos cônjuges, pela<br />

O<br />

familiar ou por terceiro, mediante escritura pública ou testamento, não po<strong>de</strong>ndo<br />

entida<strong>de</strong><br />

essa reserva um terço do patrimônio líquido das pessoas que fazem a instituição (art.<br />

ultrapassar<br />

do CC). O limite estabelecido pela legislação visa a proteger eventuais credores. Ainda pelo<br />

1.711<br />

consta da parte final <strong>de</strong>sse dispositivo, o bem <strong>de</strong> família convencional não revogou o bem <strong>de</strong><br />

que<br />

legal, coexistindo ambos em nosso or<strong>de</strong>namento jurídico. No caso <strong>de</strong> instituição por<br />

família<br />

<strong>de</strong>vem os cônjuges aceitar expressamente o benefício.<br />

terceiro,<br />

ter em mente que as regras constantes do Código <strong>Civil</strong> não se aplicam, pelo menos a<br />

Deve-se<br />

ao bem <strong>de</strong> família legal, tratado especificamente pela <strong>Lei</strong> 8.009/1990. Invocando o<br />

princípio,<br />

das fontes, o diálogo é <strong>de</strong> exclusão ou <strong>de</strong> coerência, ou seja, aplica-se uma lei ou outra.<br />

diálogo<br />

<strong>Direito</strong> <strong>Civil</strong> - <strong>Vol</strong>. I<br />

5.3.2

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!