05.05.2017 Views

2 - TARTUCE, Flávio. Direito Civil - Vol. 01 - Lei de Introdução a Parte Geral (2017)

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

pelo qual ninguém po<strong>de</strong> ser compelido a fazer prova contra si mesmo. Porém, o<br />

princípio<br />

<strong>Civil</strong> <strong>de</strong> 2002 apresenta uma primeira presunção no caso <strong>de</strong>scrito, não po<strong>de</strong>ndo o pai que<br />

Código<br />

nega a fazer o exame aproveitar-se <strong>de</strong>ssa recusa (presunção relativa ou iuris tantum).<br />

se<br />

sintonia, há ainda no art. 231 do CC/2002 a consagração da regra pela qual ninguém<br />

Nessa<br />

beneficiar-se da própria torpeza, o que é corolário da boa-fé. O objetivo do legislador é claro<br />

po<strong>de</strong><br />

sentido <strong>de</strong>, mais uma vez, buscar a certeza, a segurança jurídica e a verda<strong>de</strong> real.<br />

no<br />

essa regra, <strong>de</strong>termina o art. 232 da codificação civil que a recusa à perícia<br />

Completando<br />

or<strong>de</strong>nada pelo juiz po<strong>de</strong>rá suprir a prova que se pretendia obter com o exame, outra<br />

médica<br />

constante da nossa codificação. A exemplo do dispositivo material que o antece<strong>de</strong>, esse<br />

inovação<br />

não foi alterado pelo Novo CPC, que não consagra conteúdo com o mesmo teor.<br />

artigo<br />

modo, ainda em busca da verda<strong>de</strong> real, o Código <strong>Civil</strong> <strong>de</strong> 2002 apresenta presunção<br />

Desse<br />

(iuris tantum) em que aquele que se nega a fazer o exame médico or<strong>de</strong>nado pelo juiz terá<br />

relativa<br />

si a presunção da prova a que o exame almeja. Exemplificando, em tons práticos, contra o<br />

contra<br />

pai que se nega a fazer o exame haverá a presunção relativa da paternida<strong>de</strong>.<br />

suposto<br />

cite-se o teor da Súmula 3<strong>01</strong> do STJ, segundo a qual, “Em ação investigatória,<br />

Complementando,<br />

recusa do suposto pai a submeter-se ao exame <strong>de</strong> DNA induz a presunção juris tantum <strong>de</strong><br />

a<br />

Um dos julgados que gerou a súmula tratou <strong>de</strong> um caso em que o suposto pai, por<br />

paternida<strong>de</strong>”.<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>z vezes, se negou a fazer o dito exame.<br />

mais<br />

recentemente, entrou em vigor a <strong>Lei</strong> 12.004/2009, que acrescentou à <strong>Lei</strong> 8.560/1992 o<br />

Mais<br />

2.º-A, <strong>de</strong>terminando que, “Na ação <strong>de</strong> investigação <strong>de</strong> paternida<strong>de</strong>, todos os meios legais,<br />

art.<br />

como os moralmente legítimos, serão hábeis para provar a verda<strong>de</strong> dos fatos. Parágrafo<br />

bem<br />

A recusa do réu em se submeter ao exame <strong>de</strong> código genético – DNA gerará a presunção<br />

único.<br />

paternida<strong>de</strong>, a ser apreciada em conjunto com o contexto probatório”. Discute-se a<br />

da<br />

prática <strong>de</strong>ssa lei, eis que a conclusão do seu conteúdo já era retirada dos dispositivos<br />

necessida<strong>de</strong><br />

Código <strong>Civil</strong> aqui comentados e da jurisprudência consolidada.<br />

do<br />

toda a sorte, o que se percebe, portanto, é que não cabe mais como outrora, em ações<br />

De<br />

tipo, a mera prova testemunhal, muitas vezes fundada no relacionamento plúrimo da mãe<br />

<strong>de</strong>sse<br />

vários homens ao mesmo tempo (exceptio plurium concubentium). Essa alegação, aliás, po<strong>de</strong><br />

com<br />

tida como violadora da dignida<strong>de</strong> da mãe, po<strong>de</strong>ndo até ensejar a reparação dos danos morais<br />

ser<br />

ela suportados.<br />

por<br />

quase certeza absoluta do exame <strong>de</strong> DNA, meio <strong>de</strong> prova dos mais eficientes, <strong>de</strong>ve o<br />

Pela<br />

<strong>de</strong>terminar a sua realização. Negando-se o suposto pai a fazer o exame <strong>de</strong> DNA,<br />

magistrado<br />

o juiz valer-se da referida presunção, baseada também em outros meios probatórios.<br />

po<strong>de</strong>rá<br />

ao juiz, portanto, a análise do caso concreto. É interessante <strong>de</strong>ixar claro que se trata <strong>de</strong> uma<br />

Cabe<br />

relativa, afastada pela realização posterior do exame <strong>de</strong> DNA.<br />

presunção<br />

uma questão <strong>de</strong> bom senso e pela igualda<strong>de</strong> consagrada no Texto Maior, o art. 232 do<br />

Por<br />

também se aplica à mãe que eventualmente se nega a fazer a perícia médica visando a<br />

CC/2002<br />

a maternida<strong>de</strong>, situação que se tornou comum nos últimos tempos, principalmente<br />

i<strong>de</strong>ntificar<br />

hipóteses <strong>de</strong> troca <strong>de</strong> bebês em maternida<strong>de</strong>s e hospitais. Igualmente se aplica aos sucessores<br />

nas<br />

suposto pai que se negam a fazer o exame ou não autorizam a realização <strong>de</strong> necropsia do<br />

do<br />

<strong>Direito</strong> <strong>Civil</strong> - <strong>Vol</strong>. I<br />

falecido, conforme enten<strong>de</strong>u o Tribunal <strong>de</strong> Santa Catarina:

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!