19.04.2013 Views

zen e a arte da manutenção de motocicletas

zen e a arte da manutenção de motocicletas

zen e a arte da manutenção de motocicletas

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Não há diferença entre esta e a organização <strong>de</strong> muitos ca<strong>de</strong>rnos<br />

<strong>de</strong> laboratório <strong>de</strong> colégios e facul<strong>da</strong><strong>de</strong>s, mas o objetivo aqui não é<br />

mais apenas manter os alunos ocupados. Agora, se as anotações<br />

não forem exatas, a orientação correta do raciocínio ficará comprometi<strong>da</strong>.<br />

O objetivo real do método científico é certificar-se <strong>de</strong> que a<br />

natureza não nos enganou, fa<strong>zen</strong>do-nos pensar que sabemos algo<br />

que realmente não sabemos. Todo mecânico, cientista ou técnico já<br />

passou tantas vezes por isso, que está sempre <strong>de</strong> sobreaviso. Essa<br />

é a razão principal pela qual tantos <strong>da</strong>dos científicos e mecânicos<br />

parecem tão monótonos e cautelosos. Se a gente se <strong>de</strong>scui<strong>da</strong>r, ou<br />

começar a romantizar os <strong>da</strong>dos científicos, enfeitando as coisas<br />

aqui e ali, logo a natureza vai fazer a gente <strong>de</strong> bobo. É o que acontece<br />

muitas vezes, mesmo quando não se lhe dá nenhuma oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Deve-se ser extremamente cui<strong>da</strong>doso e extremamente lógico<br />

ao li<strong>da</strong>r com a natureza: é só escorregar no raciocínio, que o edifício<br />

científico inteiro <strong>de</strong>smorona. Uma <strong>de</strong>dução equivoca<strong>da</strong> sobre a máquina<br />

po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar-nos confusos in<strong>de</strong>fini<strong>da</strong>mente.<br />

Na primeira p<strong>arte</strong> do método científico formal, que é a exposição<br />

do problema, o principal é apren<strong>de</strong>r a afirmar apenas aquilo<br />

<strong>de</strong> que se tem certeza. É muito melhor começar <strong>da</strong> seguinte forma:<br />

“Problema a resolver: por que a motocicleta não funciona?” ─ que<br />

parece idiota, mas está correta ─ , do que começar assim: “Problema<br />

a resolver: por que o sistema elétrico falhou?” ─ uma vez que<br />

não se sabe se o problema é no sistema elétrico. Deve-se anunciar<br />

o seguinte: “Problema a resolver: o que há <strong>de</strong> errado com a motocicleta?”,<br />

e <strong>de</strong>pois colocar como cabeçalho <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> p<strong>arte</strong>: “Hipótese<br />

n.° 1: o problema é no sistema elétrico.” Elaboram-se tantas<br />

hipóteses quantas for possível, <strong>de</strong>pois criam-se experiências para<br />

testar tais hipóteses, com o propósito <strong>de</strong> verificar quais são as ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iras<br />

e quais as falsas.<br />

Esta abor<strong>da</strong>gem cui<strong>da</strong>dosa às perguntas iniciais impe<strong>de</strong>-nos<br />

<strong>de</strong> envere<strong>da</strong>r por uma rota inteiramente erra<strong>da</strong>, que resultaria em<br />

semanas <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong>snecessário, ou até em um impasse total. É<br />

por isso que as perguntas científicas geralmente parecem idiotas.<br />

São feitas para evitar que ocorram erros idiotas, mais tar<strong>de</strong>.<br />

Os românticos pensam que a terceira p<strong>arte</strong> do método científico<br />

formal, chama<strong>da</strong> fase <strong>de</strong> experimentação, é a essência <strong>da</strong> própria<br />

ciência, por que é a única p<strong>arte</strong> que tem uma aparência visível.<br />

Eles vêem montes <strong>de</strong> tubos <strong>de</strong> ensaio e aparelhos esquisitos, e pessoas<br />

correndo para lá e para cá, fa<strong>zen</strong>do <strong>de</strong>scobertas. Não vêem a<br />

109

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!