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zen e a arte da manutenção de motocicletas

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acontecer <strong>de</strong>vido à proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> segundo a qual o ponto <strong>de</strong> saturação<br />

se eleva com o aumento <strong>da</strong> temperatura. Às vezes, ao dissolverse<br />

a substância em alta temperatura, esfriando-a posteriormente<br />

não ocorre a cristalização, porque as moléculas não têm uma base<br />

on<strong>de</strong> comecem a se agrupar. Torna-se necessária uma espécie <strong>de</strong><br />

estopim, um cristal inicial, um grão <strong>de</strong> poeira, ou até um súbito<br />

arranhão ou pancadinha no frasco que contém a solução.<br />

Ele foi até a torneira para esfriar a solução, mas antes <strong>de</strong> chegar<br />

viu surgir diante <strong>de</strong> seus olhos uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> cristalização que<br />

<strong>de</strong>pois cresceu rapi<strong>da</strong>mente para todos os lados até preencher o<br />

frasco inteiro. Ele viu a re<strong>de</strong> crescer. On<strong>de</strong> antes havia apenas um<br />

líquido transparente, agora existia uma massa tão sóli<strong>da</strong> que ele<br />

podia até virar o frasco <strong>de</strong> boca para baixo sem que na<strong>da</strong> caísse.<br />

Foi só ouvir aquela simples frase: “Espero que você esteja<br />

ensinando Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> aos seus alunos”, que em questão <strong>de</strong> alguns<br />

meses uma enorme, intrinca<strong>da</strong>, e altamente organiza<strong>da</strong> re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

pensamento se cristalizou, como num passe <strong>de</strong> mágica.<br />

Eu não sei o que ele respon<strong>de</strong>u ao ouvir aquela frase. Provavelmente<br />

na<strong>da</strong>. Ela passava por trás <strong>da</strong> ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong>le várias vezes<br />

por dia, entrando e saindo <strong>da</strong> sua sala. As vezes, parava para pedir<br />

<strong>de</strong>sculpas pela interrupção, às vezes para contar alguma novi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

e ele até já se acostumara a essas coisas, que se haviam tornado<br />

p<strong>arte</strong> <strong>da</strong> rotina do trabalho. Eu sei que ela passou outra vez por ali<br />

e perguntou: “Você está mesmo ensinando Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> este semestre?”<br />

e ele, com um aceno <strong>de</strong> cabeça, voltou-se por um momento e<br />

respon<strong>de</strong>u: “Sem dúvi<strong>da</strong>!”, e aí ela foi embora. Ele estava preparando<br />

uma aula naquela hora, e atravessava um estado <strong>de</strong> profun<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong>pressão.<br />

O problema era que o texto que usava era um dos mais racionais<br />

que existiam sobre técnica <strong>de</strong> re<strong>da</strong>ção, mas ele não estava<br />

satisfeito. Além disso, mantinha contato com os autores, que pertenciam<br />

ao <strong>de</strong>partamento. Embora lhes tivesse feito perguntas, tivesse<br />

ouvido explicações, discutido e concor<strong>da</strong>do com eles <strong>de</strong> modo<br />

racional, ain<strong>da</strong> não estava satisfeito.<br />

O texto partia do pressuposto <strong>de</strong> que, para ser ensina<strong>da</strong> a<br />

nível universitário, a técnica <strong>de</strong> re<strong>da</strong>ção precisava ser concebi<strong>da</strong><br />

como um ramo <strong>da</strong> lógica, não como uma <strong>arte</strong> mística. Colocava ênfase<br />

no domínio dos fun<strong>da</strong>mentos racionais <strong>da</strong> comunicação, com<br />

o objetivo <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r a re<strong>da</strong>ção <strong>de</strong> textos. Forneciam-se noções<br />

básicas <strong>de</strong> lógica, recorria-se à teoria básica do behaviorismo,<br />

e, a partir disso, <strong>de</strong>senvolvia-se o estudo <strong>da</strong> composição <strong>de</strong> textos.<br />

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