19.04.2013 Views

zen e a arte da manutenção de motocicletas

zen e a arte da manutenção de motocicletas

zen e a arte da manutenção de motocicletas

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

on<strong>de</strong> se lê “Reservado para pessoas idosas”, <strong>de</strong>pois almoçamos, e<br />

a seguir fomos a um posto <strong>de</strong> gasolina para trocar o pneu e substituir<br />

o tensor <strong>da</strong> correia. O elo precisa ser ajustado à máquina, e<br />

nós <strong>da</strong>mos uma volta enquanto esperamos, afastando-nos <strong>da</strong> rua<br />

principal. Chegamos a uma igreja e sentamo-nos no gramado à sua<br />

frente. Chris <strong>de</strong>ita-se na grama e cobre os olhos com o blusão.<br />

─ Está cansado? ─ pergunto.<br />

─ Não.<br />

Na direção <strong>da</strong> crista <strong>da</strong> serra sobem on<strong>da</strong>s <strong>de</strong> calor, fa<strong>zen</strong>do<br />

as imagens tremelicarem. Um inseto <strong>de</strong> asas transparentes, fugindo<br />

do calor, pousa num talo <strong>de</strong> grama ao lado do pé <strong>de</strong> Chris.<br />

Observo-o enquanto ele dobra as asas, sentindo-me ca<strong>da</strong> vez mais<br />

sonolento. Deito-me para tirar uma soneca, mas não consigo. Em<br />

vez do sono, sobrevém uma inquietação. Eu me levanto.<br />

─ Vamos <strong>da</strong>r uma volta ─ chamo.<br />

─ On<strong>de</strong>?<br />

─ Para os lados <strong>da</strong> escola.<br />

─ Tá bom.<br />

Caminhamos sob árvores frondosas por calça<strong>da</strong>s bem cui<strong>da</strong><strong>da</strong>s,<br />

passando em frente a casas elegantes. As alame<strong>da</strong>s me trazem<br />

muitas lembranças surpreen<strong>de</strong>ntes. Tudo me traz recor<strong>da</strong>ções. Ele<br />

caminhou muitas vezes por aqui. Aulas. Preparava-as à mo<strong>da</strong> peripatética,<br />

usando estas ruas como sua Aca<strong>de</strong>mia.<br />

A matéria que ele viera ensinar era Retórica, composição, o<br />

ABC. Devia <strong>da</strong>r alguns cursos avançados <strong>de</strong> re<strong>da</strong>ção técnica, e tinha<br />

algumas turmas <strong>de</strong> inglês para calouros.<br />

─ Você se lembra <strong>de</strong>sta rua? ─ pergunto a Chris. Olhando ao<br />

redor, ele respon<strong>de</strong>:<br />

─ A gente costumava passar por aqui <strong>de</strong> carro, procurando<br />

você.<br />

Ele aponta para o outro lado <strong>da</strong> rua.<br />

─ Eu me lembro <strong>da</strong>quela casa <strong>de</strong> telhado engraçado... Quem<br />

visse você primeiro, ganhava cinco centavos. E aí a gente parava<br />

e botava você no banco <strong>de</strong> trás do carro, e você nem falava com a<br />

gente.<br />

─ É que naquela época eu tinha que raciocinar um bocado.<br />

─ Foi o que a mamãe disse.<br />

Ele estava <strong>de</strong> fato pensando <strong>de</strong>mais. A pesa<strong>da</strong> carga horária<br />

prejudicava-o muito, mas o pior era que ele, <strong>da</strong>quele seu jeito analítico<br />

e exato, compreendia que a matéria que ensinava sem dúvi<strong>da</strong><br />

176

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!