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zen e a arte da manutenção de motocicletas

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dos cilindros os possam conter, emperram lá <strong>de</strong>ntro, e às vezes até<br />

a<strong>de</strong>rem nos cilindros, travando o motor e a ro<strong>da</strong> traseira, fa<strong>zen</strong>do<br />

o veículo <strong>de</strong>rrapar. Da primeira vez que a minha moto engrimpou<br />

assim, minha cabeça foi projeta<strong>da</strong> além <strong>da</strong> ro<strong>da</strong> dianteira e o meu<br />

garupa quase montou nas minhas costas. Chegando aos cinqüenta,<br />

os pistões se soltaram e a moto começou a correr novamente,<br />

mas eu saí <strong>da</strong> estra<strong>da</strong> e parei para verificar qual era o <strong>de</strong>feito.<br />

Meu acompanhante só conseguiu dizer: “Mas pra que é que você<br />

fez aquilo?” Dei <strong>de</strong> ombros, tão intrigado quanto ele, e fiquei ali,<br />

parado, só olhando para a motocicleta, os carros tirando um fino.<br />

O motor estava tão quente que o ar tremulava ao seu redor; podíamos<br />

sentir o calor que emanava. Encostei nele um <strong>de</strong>do molhado<br />

e o metal chiou feito ferro pelando. Voltamos para casa <strong>de</strong>vagar,<br />

ouvindo um ruído diferente, umas lamba<strong>da</strong>s que indicavam que os<br />

pistões não se ajustavam mais nos cilindros. Eu ia ter que mandála<br />

para a revisão.<br />

Levei-a a uma oficina porque achei que o problema não tinha<br />

importância bastante para que eu me <strong>de</strong>sse ao trabalho <strong>de</strong> conhecer<br />

to<strong>da</strong>s aquelas engrenagens complica<strong>da</strong>s, e <strong>de</strong> comprar peças<br />

e ferramentas especiais. Isso toma um tempão, e como eu podia<br />

arranjar alguém que fizesse o trabalho em menos tempo... Enfim,<br />

tive uma reação pareci<strong>da</strong> com a do John.<br />

A oficina pareceu-me diferente. Os mecânicos, que no princípio<br />

eu acreditava serem todos veteranos especializados, agora assemelhavam-se<br />

a crianças. Havia um rádio ligado a todo volume, e<br />

eles diziam tolices, brincavam e conversavam, sem me <strong>da</strong>rem atenção.<br />

O mecânico que finalmente veio me aten<strong>de</strong>r foi logo di<strong>zen</strong>do,<br />

mal ouviu a batuca<strong>da</strong> do motor: “Ah, são os tuchos!”<br />

Tuchos?! Eu <strong>de</strong>via ter calculado o que me esperava.<br />

Duas semanas <strong>de</strong>pois paguei a conta <strong>de</strong> 140 dólares, testei<br />

a motocicleta a várias veloci<strong>da</strong><strong>de</strong>s baixas, para amaciá-la, e <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong> completar 1.600 quilômetros comecei a correr. Ao atingir<br />

os cento e vinte, ela “colou” <strong>de</strong> novo, só melhorando a cinqüenta<br />

por hora, como antes. Quando eu trouxe a moto à oficina, eles me<br />

acusaram <strong>de</strong> não ter amaciado a máquina a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>mente. Depois<br />

<strong>de</strong> muita discussão, resolveram examiná-la <strong>de</strong> novo. Fizeram outra<br />

revisão, e <strong>de</strong>sta vez levaram-na para um teste <strong>de</strong> alta veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> na<br />

estra<strong>da</strong>.<br />

Aí ela engrimpou com eles.<br />

Após a terceira revisão, dois meses <strong>de</strong>pois, trocaram os cilindros,<br />

aumentaram o diâmetro <strong>da</strong>s agulhas do carburador, atrasa-<br />

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