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zen e a arte da manutenção de motocicletas

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engenheiro. Newton criou um novo tipo <strong>de</strong> raciocínio. Ele aumentou<br />

o campo <strong>de</strong> ação do raciocínio, para que pu<strong>de</strong>sse li<strong>da</strong>r com<br />

transformações infinitesimais, e creio que agora é preciso expandilo<br />

mais para que consiga li<strong>da</strong>r com a feiúra <strong>da</strong> tecnologia. O problema<br />

é que esse alargamento tem que ser feito nas raízes, não nos<br />

ramos, e é por isso que é difícil compreen<strong>de</strong>r essa necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

─ Estamos vivendo uma época ingrata, e para mim essa confusão<br />

é causa<strong>da</strong> pela obsolescência <strong>da</strong>s formas tradicionais <strong>de</strong> pensamento,<br />

que não conseguem abranger as novas experiências. Já<br />

ouvi falar que a ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira aprendizagem começa com os impasses,<br />

on<strong>de</strong>, ao invés <strong>de</strong> simplesmente aumentar os ramos, é preciso parar<br />

e <strong>de</strong>sviar-se lateralmente até <strong>de</strong>scobrir algo que nos permita<br />

expandir as raízes do que já se conhece. Todo mundo sabe disso.<br />

Penso que acontece a mesma coisa com civilizações inteiras quando<br />

é necessário aumentar as bases.<br />

─ Ao estu<strong>da</strong>rmos os últimos três mil anos, percebemos, um<br />

pouco tar<strong>de</strong> <strong>de</strong>mais, nítidos padrões e ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> causa e efeito<br />

que constituíram a situação atual. Mas se recorrermos às fontes,<br />

à literatura <strong>de</strong> qualquer época específica, <strong>de</strong>scobriremos que tais<br />

causas nunca se evi<strong>de</strong>nciaram na época em que agiam. Durante os<br />

períodos <strong>de</strong> expansão <strong>da</strong>s raízes, as coisas sempre pareceram tão<br />

confusas, bagunça<strong>da</strong>s e sem sentido como agora. A Renascença<br />

inteira surgiu <strong>da</strong> confusão causa<strong>da</strong> pelo <strong>de</strong>scobrimento do Novo<br />

Mundo, realizado por Cristóvão Colombo. Aquilo apenas acordou<br />

as pessoas. A concepção <strong>da</strong> época, <strong>de</strong> que a terra era chata, basea<strong>da</strong><br />

no Velho e Novo Testamentos, jamais previra uma coisa <strong>da</strong>quelas.<br />

E, no entanto, as pessoas não podiam negar aquilo! O único<br />

jeito <strong>de</strong> assimilar a idéia foi abandonar por completo a perspectiva<br />

medieval e começar uma nova expansão do raciocínio.<br />

─ Colombo transformou-se num estereótipo didático tão forte<br />

que é quase impossível imaginá-lo como ser humano vivo. Mas se<br />

nos esforçarmos por não <strong>de</strong>ixar que nossos conhecimentos atuais<br />

sobre as conseqüências <strong>da</strong> viagem <strong>de</strong> Colombo nos influenciem, e<br />

nos colocarmos no lugar <strong>de</strong>le, talvez possamos começar a perceber<br />

que a exploração <strong>da</strong> Lua <strong>de</strong>ve parecer uma reunião <strong>de</strong> comadres,<br />

compara<strong>da</strong> ao que ele empreen<strong>de</strong>u. A exploração <strong>da</strong> Lua não implica<br />

em qualquer alargamento <strong>da</strong>s raízes do pensamento. Não há<br />

razões para duvi<strong>da</strong>r <strong>de</strong> que as formas existentes <strong>de</strong> pensamento<br />

são a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s para li<strong>da</strong>r com esses avanços. Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, elas são<br />

uma ramificação do que Colombo fez. Uma exploração completamente<br />

nova, que estaria para nós como as <strong>de</strong>scobertas <strong>de</strong> Colombo<br />

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