19.04.2013 Views

zen e a arte da manutenção de motocicletas

zen e a arte da manutenção de motocicletas

zen e a arte da manutenção de motocicletas

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

estra<strong>da</strong>.<br />

Estamos mesmo nos acostumando a fazer longos percursos.<br />

Trechos que lá nas Dakotas nos teriam parecido longos agora nos<br />

parecem curtos e fáceis. Estar na moto parece mais natural do que<br />

estar fora <strong>de</strong>la. Eu nunca an<strong>de</strong>i por aqui, nunca vi este lugar antes,<br />

mas não me sinto um estranho.<br />

No alto <strong>da</strong> chapa<strong>da</strong>, em Grangeville, I<strong>da</strong>ho, entramos num<br />

restaurante com ar refrigerado, <strong>de</strong>ixando fora um calor dos infernos.<br />

Está muito frio aqui <strong>de</strong>ntro. Enquanto esperamos pelos Ovomaltines,<br />

observo os olhares que um colegial sentado ao balcão<br />

está trocando com a garota ao lado <strong>de</strong>le. Ela é lin<strong>da</strong>, e não fui só eu<br />

que notei isso. A moça que aten<strong>de</strong> no balcão também está olhando,<br />

com uma raiva que pensa disfarçar muito bem. Uma espécie <strong>de</strong> triângulo.<br />

Vivemos participando, <strong>de</strong>spercebidos, <strong>de</strong> alguns instantes<br />

<strong>da</strong>s vi<strong>da</strong>s dos outros.<br />

Voltando ao calor, ain<strong>da</strong> perto <strong>de</strong> Grangeville, notamos que<br />

a chapa<strong>da</strong> seca, que parecia até uma pra<strong>da</strong>ria quando subimos,<br />

está se transformando numa gigantesca garganta. Percebo que a<br />

estra<strong>da</strong> vai <strong>de</strong>scer ca<strong>da</strong> vez mais, <strong>de</strong>screvendo centenas <strong>de</strong> curvas<br />

bem fecha<strong>da</strong>s, até chegar a um <strong>de</strong>serto <strong>de</strong> solo rachado e cheio <strong>de</strong><br />

rochedos. Batendo no joelho <strong>de</strong> Chris, aponto para a paisagem, e,<br />

ao entrarmos numa curva <strong>de</strong> on<strong>de</strong> se vê tudo, eu o escuto gritar:<br />

─ Caramba!<br />

Ao chegar à ribanceira, reduzo para terceira e <strong>de</strong>pois paro <strong>de</strong><br />

acelerar. O motor faz força, explo<strong>de</strong> um pouco, e nós <strong>de</strong>scemos.<br />

Quando nossa moto chega ao fundo <strong>de</strong>ssa garganta estranha,<br />

nós já <strong>de</strong>scemos centenas <strong>de</strong> metros. Olhando para trás, vejo<br />

carros do tamanho <strong>de</strong> formigas lá no alto. Agora precisamos atravessar<br />

este <strong>de</strong>serto abrasador para chegarmos ao <strong>de</strong>stino a que nos<br />

levará a estra<strong>da</strong>.<br />

290

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!