19.04.2013 Views

zen e a arte da manutenção de motocicletas

zen e a arte da manutenção de motocicletas

zen e a arte da manutenção de motocicletas

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

─ Bem respon<strong>de</strong> ele, num tom <strong>de</strong> <strong>de</strong>safio.<br />

─ Po<strong>de</strong>mos parar e acampar on<strong>de</strong> você quiser ─ sugiro eu. Ele<br />

me lança um olhar furioso, e eu silencio. Logo ele passa por mim e<br />

começa a subir a encosta na minha frente. Parece <strong>de</strong>slocar-se com<br />

muito esforço. Prosseguimos.<br />

Fedro chegou a esse ponto na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> porque<br />

se recusava <strong>de</strong> propósito a fugir <strong>da</strong> experiência imediata <strong>da</strong> sala <strong>de</strong><br />

aula. Aquela frase <strong>de</strong> Cromwell: “Ninguém sobe mais alto do que<br />

aquele que não sabe para on<strong>de</strong> vai”, era perfeita para o caso. Fedro<br />

não sabia para on<strong>de</strong> estava indo. Só sabia que o conceito funcionava.<br />

Dentro <strong>de</strong> algum tempo, porém, ele começou a imaginar por<br />

que o conceito funcionava, especialmente consi<strong>de</strong>rando-se que era<br />

algo irracional. Por que é que um método irracional funcionaria<br />

on<strong>de</strong> todos os métodos racionais falhavam? Dentro <strong>de</strong>le crescia rapi<strong>da</strong>mente<br />

a sensação <strong>de</strong> que ele não havia <strong>de</strong>parado com um truquezinho<br />

qualquer. Era uma coisa muito maior. Ele só não sabia<br />

o quanto.<br />

Foi aí que começou o processo <strong>de</strong> cristalização a que me refiro.<br />

Na época, os outros se perguntavam por que ele estava assim<br />

tão entusiasmado com o conceito <strong>de</strong> “quali<strong>da</strong><strong>de</strong>”. Só que eles estavam<br />

vendo apenas a palavra em seu contexto retórico. Não conheciam<br />

o <strong>de</strong>sespero com que Fedro antes se preocupava com questões<br />

abstratas <strong>da</strong> própria existência e como <strong>de</strong>sistira <strong>de</strong>ssa busca,<br />

sentindo-se <strong>de</strong>rrotado.<br />

Se qualquer outra pessoa tivesse perguntado o que era Quali<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

esta seria apenas mais uma pergunta. Mas quando ele fez<br />

tal in<strong>da</strong>gação, <strong>de</strong>vido ao seu passado, ela se espraiou como as on<strong>da</strong>s,<br />

em várias direções simultâneas, constituindo uma estrutura<br />

não hierárquica, mas concêntrica. A Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> estava no centro,<br />

gerando as on<strong>da</strong>s. A medi<strong>da</strong> que essas on<strong>da</strong>s <strong>de</strong> pensamento se<br />

expandiam, ele sem dúvi<strong>da</strong> esperava que ca<strong>da</strong> on<strong>da</strong> banhasse algum<br />

tipo <strong>de</strong> padrão contemporâneo <strong>de</strong> pensamento, <strong>de</strong> modo que<br />

ele obtivesse uma espécie <strong>de</strong> relacionamento integrado com tais<br />

estruturas lógicas. Mas as on<strong>da</strong>s só chegaram a essa praia no final,<br />

se é que chegaram mesmo. Ele só percebeu a expansão ca<strong>da</strong><br />

vez maior <strong>da</strong>s on<strong>da</strong>s <strong>de</strong> cristalização. Agora, tentarei acompanhar<br />

essas on<strong>da</strong>s, entrando na segun<strong>da</strong> fase <strong>da</strong> pesquisa <strong>de</strong> Fedro sobre<br />

a Quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>da</strong> melhor maneira possível.<br />

212

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!