19.04.2013 Views

zen e a arte da manutenção de motocicletas

zen e a arte da manutenção de motocicletas

zen e a arte da manutenção de motocicletas

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

─ De on<strong>de</strong> foi que você tirou essas idéias?<br />

Quase chego a respon<strong>de</strong>r, mas acabo não di<strong>zen</strong>do na<strong>da</strong>. Acho<br />

que já cheguei aos limites, e que até já passei <strong>de</strong>les; está na hora<br />

<strong>de</strong> parar.<br />

Após uma pausa, John diz:<br />

─ Vai ser bom ver as montanhas novamente.<br />

─ É, vai sim ─ concordo eu. ─ Vamos tomar mais um para<br />

comemorar.<br />

Ao terminar, recolhemo-nos aos nossos quartos.<br />

Noto que Chris está escovando os <strong>de</strong>ntes, e <strong>de</strong>ixo-o <strong>de</strong>itar-se<br />

<strong>de</strong>pois que ele me promete que vai tomar um banho <strong>de</strong> manhã. Impondo<br />

minha autori<strong>da</strong><strong>de</strong>, consigo ficar com a cama perto <strong>da</strong> janela.<br />

Apaga<strong>da</strong>s as luzes, ele me pe<strong>de</strong>:<br />

─ Agora me conta uma história <strong>de</strong> fantasma.<br />

─ Mas eu acabei <strong>de</strong> contar uma lá fora.<br />

─ Eu quero uma história <strong>de</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

─ Aquela foi a história <strong>de</strong> fantasma mais ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira que você<br />

jamais ouviu.<br />

─ Não, você sabe o que eu quero dizer. Eu quero uma <strong>da</strong>quelas<br />

outras.<br />

Tento lembrar-me <strong>de</strong> alguma história tradicional.<br />

─ Eu sabia muitas quando era garoto, Chris, mas já esqueci<br />

tudo. Agora é hora <strong>de</strong> dormir. Temos que acor<strong>da</strong>r bem cedo amanhã.<br />

O silêncio só é quebrado pelo ruído do vento que passa através<br />

<strong>da</strong>s telas <strong>da</strong>s janelas do motel. Pensar naquele vento varrendo<br />

os campos abertos em direção a nós me tranqüiliza e me embala.<br />

O vento aumenta e diminui, aumenta, sibila e diminui outra<br />

vez... vindo <strong>de</strong> muito longe.<br />

─ Você já conheceu algum fantasma? ─ pergunta Chris.<br />

Eu estava quase pegando no sono.<br />

─ Chris, uma vez conheci um sujeito que passou a vi<strong>da</strong> inteira<br />

perseguindo um fantasma, e foi pura per<strong>da</strong> <strong>de</strong> tempo. Portanto,<br />

vê se dorme.<br />

Percebo o meu erro tar<strong>de</strong> <strong>de</strong>mais.<br />

─ Ele encontrou o fantasma?<br />

─ Encontrou, sim, Chris.<br />

Torço para que ele fique só escutando o vento e pare <strong>de</strong> fazer<br />

perguntas.<br />

─ E aí, o que ele fez?<br />

─ Acabou com o fantasma.<br />

42

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!