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zen e a arte da manutenção de motocicletas

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diz que vai dirigir à classe perguntas relativas à compreensão <strong>de</strong><br />

texto.<br />

Para Fedro, essa será a melhor maneira <strong>de</strong> fazê-lo. Desse<br />

modo po<strong>de</strong>-se conhecer os estu<strong>da</strong>ntes um por um. Felizmente,<br />

Fedro estudou o diálogo com tanto esmero que quase chegou a<br />

<strong>de</strong>corá-lo.<br />

O presi<strong>de</strong>nte está certo. É um diálogo imortal, estranho e<br />

enigmático à primeira vista, mas que <strong>de</strong>pois nos penetra com força<br />

ca<strong>da</strong> vez maior, como a própria ver<strong>da</strong><strong>de</strong>. A Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Fedro parece<br />

correspon<strong>de</strong>r à alma <strong>de</strong> Sócrates, que se movimenta a si mesma<br />

e dá origem a to<strong>da</strong>s as coisas. Não existe contradição. Entre os<br />

termos nucleares <strong>da</strong>s filosofias monistas ela jamais po<strong>de</strong> existir. O<br />

Um indiano revelou ser idêntico ao Um grego. Se não for, passam<br />

a existir dois. Os monistas só discor<strong>da</strong>m quanto às características<br />

do Um, não quanto ao Um em si. Como ele é a origem <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as<br />

coisas, não po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finido em termos <strong>da</strong>s coisas por ele abrangi<strong>da</strong>s,<br />

já que qualquer coisa usa<strong>da</strong> para <strong>de</strong>fini-lo <strong>de</strong>screverá sempre<br />

algo menor do que ele. O Um só po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>scrito em termos alegóricos,<br />

através <strong>de</strong> analogias, <strong>de</strong> figuras <strong>de</strong> imaginação e <strong>de</strong> retórica.<br />

Sócrates escolhe uma analogia basea<strong>da</strong> na oposição céu-e-terra,<br />

<strong>de</strong>monstrando como os indivíduos são atraídos para o Um por um<br />

carro puxado por dois cavalos...<br />

O presi<strong>de</strong>nte, entretanto, dirige uma pergunta ao aluno ao<br />

lado <strong>de</strong> Fedro. Está fornecendo a isca, provocando-o.<br />

Mas o estu<strong>da</strong>nte, confundido com outra pessoa, não a mor<strong>de</strong>,<br />

e o presi<strong>de</strong>nte, com gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>sgosto e frustração finalmente o dispensa,<br />

censurando-o por não ter lido o texto direito.<br />

É a vez <strong>de</strong> Fedro. Ele está incrivelmente tranqüilo. O presi<strong>de</strong>nte<br />

encarrega-o <strong>de</strong> explicar o diálogo.<br />

─ Gostaria <strong>de</strong> começar novamente, à minha maneira ─ diz<br />

ele, em p<strong>arte</strong> para escon<strong>de</strong>r o fato <strong>de</strong> que não ouviu o que o outro<br />

aluno dissera.<br />

O presi<strong>de</strong>nte, interpretando isso como uma censura ao estu<strong>da</strong>nte<br />

anterior, sorri e diz, com <strong>de</strong>sdém, que certamente será uma<br />

boa idéia.<br />

Fedro prossegue.<br />

─ Creio que neste diálogo o personagem <strong>de</strong> Fedro é caracterizado<br />

como um lobo.<br />

Fala numa voz bastante alta, com um quê <strong>de</strong> irritação, e o<br />

presi<strong>de</strong>nte sobressalta-se. Fedro marcou o primeiro ponto!<br />

─ Sim ─ concor<strong>da</strong> o presi<strong>de</strong>nte; e pelo brilho <strong>de</strong> seus olhos,<br />

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