19.04.2013 Views

zen e a arte da manutenção de motocicletas

zen e a arte da manutenção de motocicletas

zen e a arte da manutenção de motocicletas

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Ele gentilmente lhe diz que não, mas ela fica insistindo e lhe<br />

oferece um dólar pelo passeio. Digo umas pia<strong>da</strong>s sem graça, que só<br />

servem para aumentar a <strong>de</strong>pressão. Saímos, voltando aos morros<br />

acastanhados e ao calor.<br />

Ao chegarmos a Lemmon, estamos moídos pelo cansaço. Ouvimos<br />

falar que existe uma área <strong>de</strong> acampamento mais para o sul.<br />

John quer acampar num parque no centro <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, sugestão que<br />

nos soa bastante estranha e aborrece tremen<strong>da</strong>mente ao Chris.<br />

Estou mais cansado do que nunca, e os outros também. Mesmo<br />

assim, nos arrastamos até um supermercado, compramos todos<br />

os mantimentos que nos ocorrem e, com alguma dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

arrumamos os pacotes sobre as <strong>motocicletas</strong>. O sol agora está muito<br />

baixo, e já começa a escurecer. Dentro <strong>de</strong> uma hora será noite.<br />

Parece que não estamos mais nem nos mexendo. Será que vamos<br />

<strong>de</strong>sanimar agora?<br />

─ Vamos embora, Chris ─ chamo eu.<br />

─ Pare <strong>de</strong> gritar comigo. Eu já estou pronto.<br />

Saímos <strong>de</strong> Lemmon por uma estra<strong>da</strong> municipal, exaustos,<br />

dirigindo durante um tempo aparentemente interminável, porque<br />

o sol continua acima <strong>da</strong> linha do horizonte. O acampamento está<br />

<strong>de</strong>serto. Ain<strong>da</strong> bem. Só que nos resta apenas meia hora <strong>de</strong> luz solar<br />

e já não temos mais forças. Isso é que é o pior.<br />

Tento <strong>de</strong>sfazer a bagagem o mais rápido possível, mas estou<br />

tão morto <strong>de</strong> cansaço que jogo tudo à margem <strong>da</strong> estra<strong>da</strong>, sem<br />

perceber como o lugar é ruim. Só <strong>de</strong>pois é que noto o soprar <strong>de</strong><br />

um vento muito forte. E um vento <strong>da</strong>s Altas Planícies. Esta é uma<br />

área semi<strong>de</strong>sértica; tudo está queimado e seco, exceto um lago,<br />

uma represa enorme situa<strong>da</strong> numa p<strong>arte</strong> mais baixa do terreno. O<br />

vento sopra do horizonte, cruza a represa e nos atinge em raja<strong>da</strong>s<br />

fortes. Já está bem fresco. Vejo uns pinheiros raquíticos, distantes<br />

<strong>da</strong> estra<strong>da</strong> uns vinte metros, e digo a Chris para levar as coisas<br />

para lá.<br />

Ele não obe<strong>de</strong>ce. Sai vagueando em direção à represa. Acabo<br />

carregando tudo sozinho.<br />

O sol se põe.<br />

John apanha um pouco <strong>de</strong> lenha, mas as achas são gran<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong>mais e as lufa<strong>da</strong>s <strong>de</strong> vento não <strong>de</strong>ixam o fogo pegar. E preciso rachar<br />

a ma<strong>de</strong>ira para que as lascas se inflamem. Volto aos pinheiros<br />

raquíticos para procurar o facão <strong>de</strong> mato, mas já está tão escuro<br />

que não consigo encontrá-lo. Preciso <strong>da</strong> lanterna. Começo a procurar,<br />

mas também está escuro <strong>de</strong>mais para encontrá-la.<br />

62

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!