19.04.2013 Views

zen e a arte da manutenção de motocicletas

zen e a arte da manutenção de motocicletas

zen e a arte da manutenção de motocicletas

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

va, e DeWeese perguntou a Fedro se ele sabia qual era o problema,<br />

com um sorriso meio tímido, meio intrigado, como o <strong>de</strong> um mecenas<br />

ao dirigir-se a um pintor, um mecenas que, envergonhado <strong>de</strong><br />

mostrar como sabe pouco, sorri na expectativa <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r mais.<br />

Ao contrário dos Sutherlands, que <strong>de</strong>testam a tecnologia. DeWeese<br />

estava tão afastado <strong>de</strong>la que não se sentia ameaçado. Aliás, era até<br />

um fã inveterado <strong>da</strong> tecnologia, um mecenas <strong>da</strong>s tecnologias. Não<br />

as compreendia bem, mas sabia o que lhe agra<strong>da</strong>va, e sempre lhe<br />

agra<strong>da</strong>va apren<strong>de</strong>r mais.<br />

Ele pensava que o problema se localizava no fio próximo à<br />

lâmpa<strong>da</strong>, porque quando se tocava no interruptor a luz se apagava.<br />

Se o problema fosse no interruptor, DeWeese calculava que se<br />

passaria um lapso <strong>de</strong> tempo antes que a luz se apagasse. Fedro<br />

não contestou a hipótese; foi a uma loja <strong>de</strong> ferragens do outro lado<br />

<strong>da</strong> rua, comprou um interruptor novo e instalou-o em poucos minutos.<br />

Logicamente ele funcionou às mil maravilhas, o que <strong>de</strong>ixou<br />

DeWeese bastante surpreso e <strong>de</strong>sapontado.<br />

─ Como você sabia que o problema era no interruptor?<br />

─ Porque a luz piscou quando eu balancei a alavanca.<br />

─ Bom, mas isso não po<strong>de</strong>ria ter influído no fio?<br />

─ Não.<br />

O jeito confiante <strong>de</strong> Fedro irritou DeWeese, que começou a<br />

discutir com ele.<br />

─ Como é que você sabe tudo isso?<br />

─ Estava na cara.<br />

─ Então por que é que eu não vi isso?<br />

─ A gente tem que enten<strong>de</strong>r um pouco <strong>da</strong> coisa.<br />

─ Ah, então não estava tão na cara assim, é ou não é?<br />

DeWeese sempre discutia as coisas <strong>de</strong> uma perspectiva estranha,<br />

que tornava a réplica impossível. Foi essa perspectiva que<br />

<strong>de</strong>u a Fedro a impressão <strong>de</strong> que DeWeese estava escon<strong>de</strong>ndo algo.<br />

Fedro só conseguiu <strong>de</strong>scobrir qual era essa perspectiva quando já<br />

estava para sair <strong>de</strong> Bozeman, usando sua própria maneira analítica<br />

e metódica <strong>de</strong> estu<strong>da</strong>r as coisas.<br />

Paramos à entra<strong>da</strong> do parque e pagamos o ingresso a um homem<br />

<strong>de</strong> chapéu <strong>de</strong> pele <strong>de</strong> urso cin<strong>zen</strong>to. Recebemos em troca um<br />

bilhete válido para um período <strong>de</strong> 24 horas. Mais adiante, vejo um<br />

turista nos filmando; a seguir, ele sorri. Está <strong>de</strong> calção, <strong>de</strong>ixando<br />

ver as pernas brancas e os pés metidos em meias soquetes e sapatos.<br />

Sua esposa, que observa a cena com um ar <strong>de</strong> aprovação,<br />

143

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!