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zen e a arte da manutenção de motocicletas

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─ Quem reclama dificulta as coisas para os outros. Essa gente<br />

é persistente. Sabe como tocar para a frente.<br />

John e Sylvia não falam muito. John termina logo <strong>de</strong> beber<br />

sua Coca-Cola e vai tomar um trago num bar próximo. Saio para<br />

<strong>da</strong>r outra olha<strong>da</strong> na bagagem e <strong>de</strong>scubro que a carga mais recente<br />

está aperta<strong>da</strong> <strong>de</strong>mais. Puxo as cor<strong>da</strong>s e refaço o nó.<br />

Chris mostra que num termômetro ao sol a coluna <strong>de</strong> mercúrio<br />

subiu até a marca <strong>de</strong> 49°C.<br />

Antes mesmo <strong>de</strong> sairmos <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, eu já começo a suar. O<br />

período inicial <strong>de</strong> frescor e secagem do suor não dura agora nem<br />

mais meio minuto.<br />

O calor nos castiga. Mesmo usando óculos escuros tenho que<br />

apertar os olhos até se transformarem em fen<strong>da</strong>s. Só se vê areia<br />

escal<strong>da</strong>nte e céu claro, tão brilhante que mal se po<strong>de</strong> olhar. Tudo<br />

ficou branco <strong>de</strong> tão quente. Um ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro inferno.<br />

John está correndo ca<strong>da</strong> vez mais. Resolvo não acompanhálo.<br />

Baixo a veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> para noventa por hora. Neste calor não se<br />

po<strong>de</strong> correr com pneus <strong>de</strong> borracha a cento e vinte, a menos que se<br />

queira arranjar encrenca. Se um pneu estoura nessa reta, acabouse.<br />

Acho que eles interpretaram o que eu disse como uma reprimen<strong>da</strong>,<br />

mas não era essa a minha intenção. O calor está me fa<strong>zen</strong>do<br />

tanto mal quanto a eles, só que não adianta ficar remoendo isso.<br />

Enquanto eu pensava e falava sobre Fedro, eles <strong>de</strong>vem ter passado<br />

o dia pensando em como a situação está ruim. É isso que está esgotando<br />

os dois. O pensamento.<br />

Sobre Fedro como pessoa, po<strong>de</strong>-se dizer o seguinte: Ele era<br />

profundo conhecedor <strong>da</strong> lógica, o sistema do sistema clássico, que<br />

<strong>de</strong>screve as normas e procedimentos do pensamento sistemático<br />

através dos quais se po<strong>de</strong> estruturar e correlacionar o pensamento<br />

analítico. Era tão rápido na análise lógica, que o seu Q.I., que é<br />

em essência um registro <strong>da</strong> habili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> manipulação analítica,<br />

era <strong>de</strong> 170, o que acontece apenas com uma <strong>de</strong>ntre cinqüenta mil<br />

pessoas.<br />

Era metódico, mas dizer que ele pensava e agia como uma<br />

máquina seria interpretar mal a natureza do seu pensamento. Não<br />

era como o movimento maciço e coor<strong>de</strong>nado <strong>de</strong> pistões, ro<strong>da</strong>s e engrenagens.<br />

Ao contrário, podia ser comparado a um raio laser, um<br />

único pincel luminoso contendo tamanha quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> energia<br />

concentra<strong>da</strong> que, se disparado em direção à lua, seu reflexo po<strong>de</strong>rá<br />

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