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zen e a arte da manutenção de motocicletas

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nheci<strong>da</strong>s e, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do tratamento recebido, transformam-se<br />

rapi<strong>da</strong>mente em rezingões malcriados ou até mesmo em aleijões;<br />

ou então, tornam-se amigas sadias, dóceis e resistentes. Esta aqui,<br />

apesar do tratamento assassino que recebeu <strong>da</strong>s mãos <strong>da</strong>queles<br />

mecânicos <strong>de</strong> uma figa, parece ter-se recobrado e, com o passar do<br />

tempo, necessita ca<strong>da</strong> vez <strong>de</strong> menos consertos.<br />

E chegamos a Ellen<strong>da</strong>le!<br />

Uma caixa d’água e edifícios entre arvoredos, brilhando à luz<br />

matinal. Só agora é que parei <strong>de</strong> tremer. São sete e quinze.<br />

Mais alguns minutos e estacionamos ao lado <strong>de</strong> uns velhos<br />

edifícios <strong>de</strong> tijolos. Volto-me para John e Sylvia, que estacionaram<br />

atrás <strong>de</strong> nós.<br />

─ Puxa, como estava frio!<br />

Eles só me lançam um olhar vidrado.<br />

─ Revigorante, não?<br />

Não há resposta.<br />

Espero que eles terminem <strong>de</strong> ajeitar as coisas, e vejo que<br />

John tenta <strong>de</strong>samarrar to<strong>da</strong> a bagagem. Está atrapalhado com o<br />

nó. Então <strong>de</strong>siste, e vamos todos para o restaurante.<br />

Faço nova tentativa <strong>de</strong> comunicação. Caminho <strong>de</strong> costas à<br />

frente <strong>de</strong>les em direção ao restaurante, sentindo-me meio eufórico<br />

por causa <strong>da</strong> corri<strong>da</strong>, torcendo as mãos e <strong>da</strong>ndo risa<strong>da</strong>s.<br />

─ Sylvia! Fale comigo!<br />

Nem um sorriso.<br />

Acho que se sentiram mesmo congelados.<br />

Eles pe<strong>de</strong>m o café sem erguer os olhos. Após o café, finalmente<br />

pergunto:<br />

─ E agora?<br />

John diz <strong>de</strong>vagar, com todo o cui<strong>da</strong>do:<br />

─ Só vamos sair <strong>da</strong>qui quando o tempo esquentar.<br />

O tom fatal <strong>de</strong> sua voz, que me lembra a fala <strong>de</strong> um xerife <strong>de</strong><br />

faroeste ao pôr-do-sol, me faz crer que é uma <strong>de</strong>cisão irrevogável.<br />

Assim, John, Sylvia e Chris ficam sentados, bem aquecidos,<br />

no vestíbulo do hotel vizinho ao restaurante, enquanto eu saio para<br />

<strong>da</strong>r uma volta.<br />

Acho que eles estão com um pouco <strong>de</strong> raiva <strong>de</strong> mim, por têlos<br />

feito acor<strong>da</strong>r tão cedo e viajar nesse frio. Quando se an<strong>da</strong> junto<br />

com outras pessoas, fatalmente surgem pequenas diferenças <strong>de</strong><br />

comportamento. Por falar nisso, não me lembro <strong>de</strong> ter an<strong>da</strong>do <strong>de</strong><br />

moto com eles antes <strong>de</strong> uma ou duas <strong>da</strong> tar<strong>de</strong>, embora eu ache que<br />

o melhor horário para an<strong>da</strong>r <strong>de</strong> motocicleta é o <strong>da</strong> manhã.<br />

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