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zen e a arte da manutenção de motocicletas

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<strong>da</strong> outra, haveria uma única matemática, que admitia contradições<br />

lógicas. Mas uma matemática que admite contradições lógicas internas<br />

não é mais matemática. O efeito final <strong>da</strong>s geometrias nãoeuclidianas<br />

passa a ser uma simples pantomima <strong>de</strong> mágico, em<br />

que as idéias são sustenta<strong>da</strong>s apenas pela fé.<br />

E naturalmente, uma vez aberta esta porta, o número <strong>de</strong> sistemas<br />

contraditórios <strong>de</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong>s científicas inabaláveis fatalmente<br />

aumentaria. Um alemão chamado Riemann apresentou outro sistema<br />

impecável <strong>de</strong> geometria, que elimina não só o postulado <strong>de</strong><br />

Eucli<strong>de</strong>s, como também o primeiro axioma, segundo o qual apenas<br />

uma reta po<strong>de</strong> passar por dois pontos. Este sistema não apresentava<br />

qualquer contradição lógica interna; era apenas incompatível<br />

com as geometrias <strong>de</strong> Eucli<strong>de</strong>s e Lobachevski.<br />

Segundo a Teoria <strong>da</strong> Relativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, a geometria <strong>de</strong> Riemann é<br />

a que melhor <strong>de</strong>screve o nosso mundo.<br />

Em Three Forks, a estra<strong>da</strong> passa através <strong>de</strong> um estreito <strong>de</strong>sfila<strong>de</strong>iro<br />

revestido <strong>de</strong> rochas castanho-esbranquiça<strong>da</strong>s, on<strong>de</strong> existem<br />

algumas grutas <strong>de</strong>scobertas por Lewis e Clark.<br />

A leste <strong>de</strong> Butte, subimos uma rampa bem íngreme, cruzamos<br />

o Divisor <strong>de</strong> Águas e <strong>de</strong>scemos para um vale. Depois passamos<br />

perto <strong>da</strong> enorme chaminé <strong>da</strong> fundição <strong>de</strong> Anacon<strong>da</strong>, entramos na<br />

ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Anacon<strong>da</strong> e comemos bife com café num restaurante.<br />

Subimos então outra rampa compri<strong>da</strong>, que leva até um lago cercado<br />

<strong>de</strong> pinhais: nessa altura, pelo comprimento <strong>da</strong>s sombras, vejo<br />

que já é quase meio-dia.<br />

Após passarmos por Phillipsburg, começamos a atravessar<br />

as campinas do vale. Aqui o vento frontal chega em raja<strong>da</strong>s, e eu<br />

resolvo baixar a veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> para oitenta por hora, com o objetivo <strong>de</strong><br />

diminuir o impacto. Atravessamos Maxville e, ao chegarmos a Hall,<br />

estamos simplesmente esgotados.<br />

Paramos no adro <strong>de</strong> uma igreja à beira <strong>da</strong> estra<strong>da</strong>. Agora o<br />

vento está forte e frio, mas o sol está quente. Depositamos os blusões<br />

e os capacetes na relva a sotavento do prédio <strong>da</strong> igreja, para<br />

<strong>de</strong>scansar. Este é um lugar muito solitário e <strong>de</strong>scampado, porém<br />

belo. Quando há montanhas, ou até mesmo colinas a distância,<br />

há também bastante espaço. Chris encosta o rosto no blusão e se<br />

acomo<strong>da</strong> para dormir.<br />

Agora, sem os Sutherlands, está tudo tão diferente ─ tão solitário.<br />

Com a <strong>de</strong>vi<strong>da</strong> licença, vou retomar o assuntos <strong>da</strong> chautauqua<br />

para espantar a solidão.<br />

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