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zen e a arte da manutenção de motocicletas

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nição assim geral, o campo é imenso, e aqui só po<strong>de</strong>remos tentar o<br />

esboço <strong>de</strong> um esquema inicial.<br />

Ao que me consta, existem dois tipos principais <strong>de</strong> armadilhas<br />

para o brio. O primeiro tipo é aquele em que saímos dos trilhos<br />

<strong>da</strong> Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>vido a condições resultantes <strong>de</strong> circunstâncias externas,<br />

que <strong>de</strong>nomino “contratempos”. No segundo tipo, a gente é<br />

<strong>de</strong>svia<strong>da</strong> dos trilhos por condições principalmente internas. Para<br />

estas, não tenho um nome genérico ─ quem sabe, seriam “grilos”,<br />

penso eu. Primeiro, falarei dos contratempos externos.<br />

Da primeira vez que você realiza qualquer serviço <strong>de</strong> mais<br />

importância, parece que a maior preocupação é o esquecimento <strong>de</strong><br />

peças na remontagem. Isso geralmente acontece na hora em que<br />

você pensa que está quase acabando. Depois <strong>de</strong> dias <strong>de</strong> trabalho,<br />

você finalmente consegue montar tudo, menos... o que é isso? O<br />

casquilho <strong>da</strong> biela?! Mas como é que você foi esquecer logo isso?<br />

Ah, meu Deus, agora toca a <strong>de</strong>smontar tudo outra vez! Você quase<br />

po<strong>de</strong> sentir o seu brio escapulindo. Pssssssssssl<br />

Você não po<strong>de</strong> fazer mais na<strong>da</strong> a não ser voltar atrás e <strong>de</strong>smontar<br />

a moto to<strong>da</strong> outra vez... Isso, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> um período <strong>de</strong> repouso<br />

<strong>de</strong> mais ou menos um mês, que lhe permita acostumar-se<br />

à idéia.<br />

Existem duas técnicas por mim utiliza<strong>da</strong>s para evitar esse<br />

tipo <strong>de</strong> contratempo. Eu as utilizo principalmente quando estou<br />

consertando um sistema complicado, sobre o qual não conheço<br />

absolutamente na<strong>da</strong>.<br />

Aqui <strong>de</strong>veria ser incluído um parêntesis, di<strong>zen</strong>do que existe<br />

uma escola <strong>da</strong> mecânica segundo a qual eu não <strong>de</strong>veria me aventurar<br />

a mexer num sistema complexo sobre o qual não conheço<br />

na<strong>da</strong>. Eu <strong>de</strong>veria primeiro passar por um treinamento especial,<br />

ou então <strong>de</strong>ixar o trabalho a cargo <strong>de</strong> um especialista. Esta é uma<br />

escola auto-suficiente, <strong>de</strong> um elitismo que eu gostaria que fosse<br />

exterminado. Foi um “especialista” que quebrou as aletas <strong>de</strong> resfriamento<br />

<strong>da</strong> minha moto. Já fiz revisão <strong>de</strong> manuais <strong>de</strong>stinados ao<br />

treinamento <strong>de</strong> especialistas <strong>da</strong> IBM, e, ao cabo dos cursos, eles<br />

não ficam sabendo <strong>de</strong> tanta coisa assim. Da primeira vez, você<br />

estará em <strong>de</strong>svantagem, e vai ser mais difícil, porque po<strong>de</strong> ser que<br />

você <strong>da</strong>nifique alguma peça sem querer; e também vai levar mais<br />

tempo, sem dúvi<strong>da</strong>. Mas <strong>da</strong> próxima vez já estará <strong>da</strong>ndo banhos no<br />

especialista. Você, com seu brio, compreen<strong>de</strong>u o sistema <strong>da</strong> maneira<br />

mais difícil e adquiriu em relação a ele to<strong>da</strong> uma gama <strong>de</strong> bons<br />

sentimentos que o especialista provavelmente não tem.<br />

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